Etanol dos EUA tende a ficar mais competitivo

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Fonte: Valor Online

O etanol anidro (que é adicionado à gasolina) brasileiro entregue no polo de Paulínia, em São Paulo está ligeiramente mais competitivo que o etanol anidro americano entregue no mesmo local, mesmo dentro da cota isenta de tarifa. Porém, o início da colheita desta safra de grãos nos EUA gera preocupações para os produtores, sobretudo os do Nordeste, no médio prazo.
Na semana passada, o etanol americano estava chegando em Paulínia por R$ 2,23 o litro dentro da cota e por R$ 2,66 fora da cota, de acordo a consultoria INTL FCStone. Esses preços ainda estão acima dos valores do etanol nacional. O indicador Cepea/Esalq para o anidro no mercado spot entre 26 e 30 de agosto estava em R$ 1,9083 o litro, sem considerar frete e impostos. Contando a tributação de PIS/Cofins, o produto estava saindo das usinas a R$ 2,0392 o litro.
Segundo Tarcilo Rodrigues, presidente da comercializadora Bioagência, levando-se em conta os custos com frete para Paulínia, os preços do anidro americano já estão competindo com o produto da região Centro-Sul, mas apenas dentro da cota. Com a tarifa de 20%, porém, o cenário muda.
A situação é mais apertada no Nordeste, onde a produção local de anidro equivale a cerca de um terço de uma demanda da ordem de 3 bilhões de litros por ano, conforme Rodrigues. Segundo ele, o produto costuma ser negociado na região por R$ 0,20 por litro a mais que no Centro-Sul – e para o Nordeste o frete de importação do produto americano é menor. Dessa forma, o etanol anidro nordestino, que nesta safra 2019/20 está começando a ser produzido agora, tende a enfrentar maior pressão do produto dos EUA.
Segundo a JOB Economia e Planejamento, os preços do anidro no Nordeste, tanto do produto local como do que foi importado nos últimos meses, estavam na semana passada em R$ 2,26 o litro. Em cálculos divulgados pelo Sindaçúcar/PE, o etanol anidro americano chegaria, em setembro, fora da cota, por R$ 2.065 o metro cúbico (1000 litros).
Mesmo o etanol anidro americano importado fora da cota e desembarcado no Nordeste também já conseguiria competir com o local, embora com menos folga, avaliou o presidente da Bioagência.
Nestes primeiros meses de produção da safra sucroalcooleira do Nordeste, a tendência já era de queda dos preços do anidro no mercado local, principalmente por causa da pressão de vendas de usinas em dificuldades financeiras, observou Borges, da JOB. Mas a pressão deverá crescer com a oferta dos EUA, onde a produção de etanol tende a ser favorecida pela safra confortável de milho prevista para o ciclo 2019/20.
Ontem, representantes do segmento sucroalcooleiro do Nordeste cobraram do governo ações para que o aumento da cota de importação não sobrecarregue a região. Ao Valor, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que vai estudar medidas mitigatórias em parceria com o Ministério da Economia para compensar a entrada de 750 milhões de litros, por um ano, livres de tarifa. “As duas medidas imediatas que vamos avaliar são uma janela para importação pelo Nordeste e o escalonamento da entrada de etanol por outros portos”.

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