Fonte: O Globo
Além dos desafios regulatórios para aumentara atratividade dos leilões de áreas de exploração de petróleo, outro fator abordado no evento foi o setor do gás natural, alvo de um programa do governo federal para baixar os preços ao consumidor final eà indústria.
Para Décio Oddone, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a mudança virá com a abertura do setor, com as empresas privadas acessando as instalações até hoje controladas pela Petrobras. Mas ele diz que é difícil saber quanto e quando os preços vão cair. Ele citou ainda a crise na Bolívia, que atrasa ainda mais esse processo.
— Com o fim do contrato de transporte de gás da Bolívia para a Petrobras (em dezembro), a ANP estava coordenando um leilão entre as empresas para contratar o gás disponível. A eleição da Bolívia paralisou o processo de negociação. Tem que haver um governo legítimo, que tenha condição de assinar novo contrato com novo preço e volume. Sem isso, é difícil saber se haverá fim para essa história.
No entanto, ele descarta possível desabastecimento de gás no país:
—Não acredito nisso. É de interesse comum tanto da Bolívia quanto do Brasil que o gás continue fluindo. Não vejo ninguém interessado em que isso não ocorra.
Na plateia do evento, Katia Repsold, presidente da distribuidora de gás Naturgy, disse que o custo do gás no Brasil pode cair com o plano do governo federal para estimular a concorrência. Segundo ela, nos últimos dois anos, o preço dobrou, com alta do dólar e da cotação do petróleo:
— Um tema é a necessidade de regras claras, com debates mais abertos. Precisamos dessa transparência para que os investidores venham. Não se pode mudar as regras e os contratos por regulamentação.As regras têm que ser previstas e negociadas. Não tem como resolver sozinho.
A estratégia do governo para baratear o gás está baseada em prover maior concorrência no setor de transporte e distribuição do combustível, hoje dominado Petrobras.