Combustíveis recuam com força e IPCA-15 tem maior deflação em maio desde 1994

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(Reuters) – A deflação dos preços ao consumidor se intensificou em maio e a prévia da inflação brasileira chegou ao patamar mais fraco desde 1994, com forte queda dos combustíveis em meio às medidas de contenção do coronavírus.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) teve queda de 0,59% em maio após variação negativa de 0,01% no mês anterior, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A leitura do mês marca a deflação mais intensa já registrada desde o início do Plano Real, em 1994, e a queda dos preços foi mais forte do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,45%.
Com isso, a alta acumulada do IPCA-15 em 12 meses foi a 1,96%, de 2,92% antes, bem abaixo do piso da meta de inflação para este ano — 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA. A expectativa era de alta de 2,10%.
As medidas de isolamento e paralisações adotadas para evitar a propagação do coronavírus vêm influenciando uma queda da demanda no Brasil, com reduções ainda no preço da gasolina pela Petrobras pressionando para baixo os preços do combustível.
O maior impacto negativo no mês foi exercido pela queda de 8,54% nos preços dos combustíveis, sendo que a gasolina ficou 8,51% mais barata em relação a abril.
A maior deflação foi registrada pelo etanol, de 10,40%, enquanto os preços do óleo diesel caíram 5,50%.
A queda de 3,15% no grupo Transportes também foi influenciada, além dos combustíveis, pelas passagens aéreas, que após subirem 14,83% em abril registraram recuo de 27,08% em maio.
Na outra ponta, a alta do grupo Alimentos e bebidas desacelerou em maio a 0,46%, contra 2,46% no mês anterior. A principal influência para esse resultado veio dos alimentos para consumo no domicílio, que passaram de 3,14% em abril para 0,60% em maio.
Se por um lado a cebola subiu 33,59%, o preço da cenoura passou a cair 6,41%. As incertezas tanto internas quanto externas relacionadas ao Covid-19 mantêm os consumidores em alerta, tanto em relação ao emprego quando à renda.
O governo passou a projetar contração do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 de 4,7%, contra alta de 0,02% vista em março.
Já a mais recente pesquisa Focus realizada pelo BC com economistas mostra que a expectativa é de a inflação termine este ano a 1,57% e que a economia encolha 5,89%.

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