Dança das cadeiras continua na Petrobras

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Por Adriano Pires
UDOP

A dança das cadeiras continua na Petrobras. A cadeira de presidente da Petrobras parece uma cadeira elétrica. A Magda Chambriard será a 8ª presidente num período de 7 anos. Ou seja, na média, mandatos de menos de 1 ano.

As motivações para a troca de presidente da empresa são sempre as mesmas: contrariar ou não dar a velocidade para a implantação das políticas que o presidente da república deseja. Portanto, o que devemos discutir não são as razões do porque o presidente demitiu o Jean Paul Prates. Essas são conhecidas. A discussão é secundária.

O que já passamos da hora de discutir no Congresso e na sociedade é o modelo de empresa de economia mista, que não funciona e seu prazo de validade esgotou. Qual a empresa que aguenta ter 8 presidentes em 7 anos? Qual a empresa que aguenta trocar de acionista majoritário a cada 4 ou no máximo 8 anos?

Está mais do que na hora de travarmos um debate sério, sem emoções e sem ideologias, sobre a privatização da Petrobras, da mesma forma que foi feito no Congresso em relação a Eletrobras. Se não fizermos isso, continuaremos a ver trocas constantes de presidente da Petrobras, sem critério técnico e apenas político, usando a empresa para fazer a grande parte de seus investimentos, olhando para a taxa de retorno política e não a econômica.

Exemplo: ao invés de vender refinarias, quer recomprar a refinaria da Bahia. O resultado será só preservar o monopólio do refino, investindo num ativo que dará a empresa uma taxa de retorno bem abaixo do que consegue na exploração do pré-sal.

Outro exemplo: fazer política social reduzindo as receitas da empresa, não reajustando o preço da gasolina e do diesel, trazendo prejuízos a empresa. Basta ver o resultado da empresa nesse último trimestre. Se política social subsidiando o preço da gasolina e diesel fosse boa, a Venezuela seria exemplo de sucesso.

Ficam algumas perguntas para reflexão. Faz sentido, o governo ser acionista de uma empresa de petróleo em plena transição energética? Faz sentido utilizar a empresa para fazer política social? Faz sentido, os preços da gasolina e diesel, que são commodities, não seguirem a tendência dos preços no mercado internacional? Faz sentido, o governo impor uma política que deliberadamente prejudica os acionistas privados? Faz sentido, uma empresa de petróleo ter o comportamento das suas ações determinada mais pelo risco político do que pelo comportamento do mercado?

Se realmente queremos uma empresa que beneficie toda a sociedade, e não apenas os escolhidos pelo governo de plantão, precisamos olhar para frente e não pelo retrovisor quando o assunto for Petrobras.

*Originalmente publicado no LinkedIn.
Adriano Pires
Sócio-fundador e diretor do CBIE – Centro Brasileiro de Infraestrutura

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