Em GO, R$ 1,3 bi em projetos de etanol estão ameaçados

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Fonte: Estadão

Segundo maior produtor de etanol do País, o Estado de Goiás tem ao menos R$ 1,3 bilhão em futuros investimentos para produção do biocombustível que podem não sair do papel. O motivo é um projeto de lei que acaba com o crédito recebido pelas usinas, de 60% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), recolhido na venda de álcool anidro. André Rocha, presidente executivo dos Sindicatos da Indústria de Fabricação de Açúcar e de Etanol (Sifaeg/Sifaçúcar), diz à coluna que os planos estão ameaçados. “Temos quatro novos projetos de usinas de etanol a partir de milho que podem ser prejudicados, além de muitos outros em estudo.” O executivo conta que, das 35 usinas de Goiás, 13 estão em recuperação judicial, situação que só pioraria com a proposta aprovada pela Assembleia Legislativa. O setor contribui com 30% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial de Goiás, 7,2% do PIB total do Estado e 5% do recolhimento de impostos.
Menos. Autor do projeto de lei, o deputado estadual Humberto Aidar (MDB) avalia, na justificativa da proposta, que o papel do Estado “de incentivador desse segmento há muito se esgotou” e que “o setor alcooleiro passa atualmente por um momento muito favorável, conforme amplamente divulgado pela imprensa”.
Reação. A Atvos, do grupo Odebrecht, que tem nove usinas e está em recuperação judicial, já ensaia uma retomada. Produziu 310 milhões de litros de etanol hidratado em agosto, recorde da empresa. Em cinco meses de safra, de abril a agosto, a Atvos ampliou em 31% a oferta do combustível utilizado nos veículos flex fuel, em relação a igual período de 2018.
Não e não. Exportadores de grãos elevaram a pressão contra tentativas de derrubar a Lei Kandir no Congresso. Sérgio Mendes, diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, entregou a Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, uma carta do setor criticando o projeto, que revoga a desoneração do ICMS de produtos destinados à exportação. “Essa tributação atingiria duramente o setor exportador de soja e seria um retrocesso. Perderíamos competitividade”, diz Mendes.
De olho. A chinesa Cofco estuda novo investimento no Porto de Santos. A empresa já tem ali dois terminais, um para exportação de soja e milho e outro para receber trigo importado. “Queremos uma estrutura mais robusta”, diz Valmor Schaffer, presidente da Cofco Internacional no Brasil. A ideia já vinha sendo estudada, mas a trading decidiu primeiro ampliar a fábrica de biodiesel em Mato Grosso e construir novos armazéns no Estado. Agora, Santos volta a ganhar atenção. “Estamos sempre olhando oportunidades portuárias no Brasil”, afirma Schaffer.
Entre hermanos… Argentina, Estados Unidos e Rússia trataram de mostrar a moinhos brasileiros as vantagens de negociar com eles. No congresso da indústria moageira, realizado na última semana em Campinas (SP), representantes desses países falaram de preço, qualidade e vantagens logísticas. “A briga vai ser dura”, provocou um trader argentino. “Nós temos mercado cativo aqui.” Hoje, 90% do cereal importado pelos moinhos brasileiros vem do país vizinho.
…brothers… Norte-americanos, porém, acreditam que podem concorrer de igual para igual se a cota de importação de 750 mil toneladas do cereal do país sem Tarifa Externa Comum (TEC) for aplicada. Hoje, o trigo comprado de fora do Mercosul recolhe 10% de imposto. “A Argentina precisa entender que, no cenário de globalização, não há reserva de mercado”, diz Vince Peterson, presidente da US Wheat Associates, associação que representa exportadores dos EUA.
…e camaradas Já os russos cercam pelas beiradas. Diferentemente dos norte-americanos e dos argentinos, eles não têm tradição de vender trigo para o Brasil, mas esperam aumentar os embarques. “Nosso maior volume vem para cá na entressafra argentina, quando os preços sobem muito”, conta Bart Swankhuizen, diretor comercial da Sodrugestvo, primeira trading a fechar negócio com moinhos brasileiros.
Desgaste. Foi sintomático o pequeno número de manifestações oficiais de entidades do agronegócio a favor ou contra o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Organização das Nações Unidas (ONU) na semana passada. Uma liderança diz que isso reflete a “falta de consenso” em relação ao presidente, principalmente quanto às suas declarações a respeito da Amazônia. “Ainda há muitos que o apoiam irrestritamente; esses são os mais ativos nos grupos de WhatsApp. Mas quem tenta criticar acaba sendo atacado e desiste; prefere se calar.”
Esquenta. A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) iniciou uma agenda de trabalho com a China Beverage Industry Association, associação de bebidas local. Estão previstas visitas à produção de laranja e suco do Brasil e colaboração em defesa do produto. A ideia é ampliar a venda de suco fresco, o NFC, e trabalhar pela queda da barreira comercial que eleva a tarifa de importação de 7,5% para 30% caso o suco chegue à China com temperatura mais quente do que 18 graus Celsius negativos.

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