Demanda por combustíveis no Brasil deve crescer 3,1 bilhões de litros em 2025. Nordeste lidera expansão com etanol, diesel e QAV
Movimento Economico
As projeções para o mercado brasileiro de combustíveis até 2026 indicam crescimento contínuo na demanda por etanol, diesel e querosene de aviação (QAV), com estabilidade no consumo de gás liquefeito de petróleo (GLP). A região Nordeste aparece como área estratégica, sustentada pelo avanço na produção agrícola, retomada do turismo e estímulo ao transporte aéreo regional.
Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em conjunto com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o consumo de combustíveis do ciclo Otto — que inclui gasolina C e etanol hidratado — permanece crescente nas capitais nordestinas. O uso de etanol hidratado avança acima da média nacional, impulsionado por incentivos regionais à substituição de combustíveis fósseis.
A EPE projeta que, em 2025, a demanda nacional por combustíveis líquidos aumentará 2,0% em relação ao ano anterior, o que representa um acréscimo de 3,1 bilhões de litros. O óleo diesel deve crescer 3,5%, totalizando 69,7 bilhões de litros; a gasolina C terá alta de 1,9%, alcançando 47 bilhões de litros; o etanol hidratado aumentará 6,1%, chegando a 19,5 bilhões de litros; o querosene de aviação crescerá 1,5%, com 6,8 bilhões de litros previstos; e o GLP avançará 1%, somando 7,7 milhões de toneladas.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que o aumento do consumo está ligado à retomada econômica e à estabilidade nos preços dos combustíveis. “Trabalhamos para garantir que esse crescimento seja sustentável e compatível com a transição energética que estamos promovendo”, declarou à Agência Gov. As projeções ajudam a orientar medidas que promovem a transição energética, o fortalecimento do setor de biocombustíveis e o acesso equitativo à energia em todas as regiões do Brasil. Confira o estudo técnico completo aqui.
A produção nordestina de etanol, concentrada em estados como Alagoas, Pernambuco e Paraíba, foi reforçada pela safra 2024/2025, que registrou crescimento de 10,3% em relação ao ciclo anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A região também tem ampliado sua capacidade de cogeração de energia a partir da biomassa da cana-de-açúcar, contribuindo para o abastecimento energético local.
No consumo, o etanol hidratado apresenta crescimento superior à média nacional, impulsionado pela ampla utilização de veículos flex na região e pela competitividade frente à gasolina em mercados como o do interior do Maranhão, Bahia e Rio Grande do Norte. A expectativa para 2025 é que o ciclo Otto, que reúne gasolina C e etanol hidratado, cresça até 4% no Nordeste.
O diesel S-10, utilizado principalmente no transporte rodoviário de cargas, permanece como o combustível mais consumido no Nordeste. Desde março de 2024, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) mantém o percentual obrigatório de 14% de biodiesel na composição do diesel comercializado no país. Esse cenário favorece a atividade de usinas localizadas no Maranhão e no Piauí, que participam da cadeia de produção de oleaginosas utilizadas na formulação do biocombustível.
Já o GLP, amplamente utilizado para fins domésticos, deverá manter seu consumo estável, entre 0,65 e 0,70 milhão de metros cúbicos por mês. Programas como o Auxílio Gás e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda a partir de 2026 são fatores que contribuem para a manutenção e possível elevação do consumo na região.
A demanda por querosene de aviação (QAV) deverá crescer de forma contínua entre 2025 e 2026, com destaque para os aeroportos de Recife, Salvador e Fortaleza, que funcionam como hubs regionais e internacionais. O documento da EPE destaca que o abastecimento de aeronaves em voos internacionais é contabilizado como demanda interna, o que eleva os volumes atribuídos ao consumo doméstico.
Com base nos gráficos da EPE, o consumo mensal de QAV oscila entre 0,4 e 0,7 milhão de metros cúbicos, com tendência de alta a partir do segundo semestre de 2025. Esse crescimento acompanha o aumento da movimentação aérea e a retomada de rotas regionais, especialmente no Nordeste.
*Com informações da Agência Gov