Gasolina mais cara que no exterior pode ter queda de preço para atenuar volta de PIS/Cofins

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Valor Econômico

A gasolina e o diesel vendidos pela Petrobras nas refinarias para as distribuidoras estão acima da paridade com as cotações internacionais, e a estatal tem espaço para reduzir preços, dizem consultorias e entidades do setor de combustíveis. O cenário ocorre no momento em que o governo discute se retoma ou não a cobrança de PIS/Cofins sobre gasolina e etanol. A eventual redução dos preços da estatal ajudaria a conter a alta dos preços com a volta dos tributos.

Os combustíveis tiveram redução desses impostos no meio da corrida eleitoral do ano passado, como medida para baixar a inflação e melhorar o desempenho do então presidente Jair Bolsonaro nas urnas. A desoneração vencia em 31 de dezembro e foi prorrogada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva no primeiro dia de governo. A prorrogação vence nesta terça-feira, 28. Na sexta, 24, Lula reuniu-se com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, mas não havia definição se a desoneração será ou não mantida. É certo apenas que o diesel não será reonerado, pelo menos por enquanto.

Nos cálculos da consultoria StoneX, na manhã de sexta-feira o diesel da Petrobras estava 8,4% acima da paridade, com possibilidade de um corte de R$ 0,34 em média no litro. Já a gasolina estava 7,9% mais cara do que no mercado externo, com espaço para uma queda de R$ 0,26 no litro em média. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) estimava que o diesel vendido pela estatal estava 8% mais caro do que no exterior, com possibilidade de redução média de R$ 0,28 no litro. Para a gasolina, a Abicom calculava uma diferença de 6% em relação à paridade, com possibilidade de um corte de R$ 0,20 no litro desse combustível pela Petrobras.

A Ativa Investimentos calculava que a gasolina da Petrobras tinha defasagem de 8,28% na comparação com o litro vendido no Golfo do México, uma das principais regiões de refino do mundo. Já André Vidal, chefe de óleo, gás e materiais básicos da XP, estimava espaço para queda de 9,6% nos preços do diesel e de 11% nos da gasolina, com base nas cotações de sexta no Golfo dos Estados Unidos.

O último reajuste da Petrobras ocorreu no dia 8 de fevereiro, quando o diesel passou de R$ 4,50 para R$ 4,10 por litro, redução de 8,89%. Na gasolina, o último reajuste foi aumento de 7,5%, que passou a valer em 25 de janeiro, quando o preço médio foi de R$ 3,08 para R$ 3,31.

Desde 2016, a companhia pratica preços alinhados ao mercado internacional, mas o governo Lula sinalizou interesse em alterar essa política. A mudança, no entanto, precisa passar pelo conselho de administração da estatal, que ainda não foi reformulado.

O presidente da Fecombustíveis, James Thorp Neto, diz que mesmo uma redução de preços pela Petrobras não anularia totalmente os efeitos do retorno dos impostos aos preços dos combustíveis. Ele estima um aumento de R$ 0,60 por litro para a gasolina e de R$ 0,25 por litro para o etanol nas bombas com o aumento dos tributos.

Um analista que pediu para não ser identificado diz que a reincidência do PIS/Cofins sobre os preços não será imediata, porque requer a chamada noventena, período de 90 dias antes da vigência. Não é uma visão unânime no mercado. Para Cristiano Noronha, sócio da consultoria Arko Advice, o fato de a desoneração ter sido temporária dispensa a noventena.

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