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Em resposta, a Acelen afirmou estar ciente da interdição da ponte sobre o Rio Jequitinhonha e dos impactos decorrentes para a região

Tribuna da Bahia

Foto: Divulgação/Reprodução

Por Livia Veiga

A interdição total da Ponte sobre o Rio Jequitinhonha, na BR-101, desde o dia 5 de maio, vem gerando grandes transtornos e impactos na economia regional. Nesta quinta-feira (22), o Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis do Estado da Bahia (Sinduscom-BA) divulgou um comunicado no qual alerta para consequências como a ameaça de desabastecimento de combustíveis no estado.

Desde a interdição do equipamento, a principal rota alternativa tem sido a BA-982 (conhecida como “Estrada da Veracel”), no distrito de Santa Maria Eterna, município de Belmonte, que segundo o sindicato, apresenta condições precárias, prejudicando o abastecimento e colocando em risco a segurança dos trabalhadores.

“Com a venda de combustíveis abaixo do custo, reflexo direto da queda na demanda e da tentativa das distribuidoras de evitar multas contratuais impostas pela refinaria Acelen – devido ao não cumprimento das cotas diárias de retirada – o mercado enfrenta um desequilíbrio que ameaça distribuidoras e colaboradores em várias cidades como Eunápolis, Itagimirim, Itabela, Porto Seguro, Teixeira de Freitas, Itabuna, Vitória da Conquista e até mesmo no norte de Minas Gerais”, afirmou o Sinduscom-BA.

Ainda conforme a entidade, foi estabelecido contato com o DNIT e com o deputado federal Neto Carletto, em busca de alternativas viáveis e urgentes para a solução do problema. Além disso, a nota assinada por Clécio Santana, superintendente do Sinduscom-BA, destaca que a entidade está em busca de negociações com a Acelen para “flexibilizar contratos e evitar práticas comerciais predatórias que comprometam a sustentabilidade do setor e a integridade da cadeia de abastecimento”.

Em resposta, a Acelen afirmou estar ciente da interdição da ponte sobre o Rio Jequitinhonha e dos impactos decorrentes para a região, mas ainda não foi procurada oficialmente por nenhum cliente. “A empresa monitora a situação com atenção e sensibilidade, pronta para realizar os ajustes necessários na distribuição”, destacou.

Em relação à flexibilização dos contratos, a Acelen reforça que sempre esteve e continua aberta ao diálogo com os distribuidores, buscando adequar os pedidos de retirada de combustíveis e garantir a segurança das operações, assegurando um abastecimento confiável e contínuo na Bahia e em outras regiões atendidas. “A Acelen reitera o compromisso com o Sinduscom e seus clientes, afirmando que juntos poderão definir o melhor apoio institucional”, completou.

Sobre a manutenção nas rodovias estaduais 274 e 658, conhecidas como Estrada da Veracel, a Secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfra) informou que está é uma responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), enquanto o tráfego na ponte sobre o Rio Jequitinhonha, que fica no KM 661 da BR-101, estiver interrompido. Para isso, um termo de compromisso entre a Seinfra e o DNIT foi assinado no último mês de abril.

Em nota, o órgão federal afirmou que, com base nas inspeções e ensaios para avaliação da ponte sobre o Rio Jequitinhonha, no km 661,72 da BR-101/BA, em Itapebi, para garantir a mobilidade de todos os usuários da rodovia com segurança será necessário construir uma nova Obra de Arte Especial (OAE). “As conclusões técnicas dos testes apontam pela inviabilidade de execução dos serviços de reabilitação da OAE, conforme previsto inicialmente”, detalhou o DNIT.

Ainda conforme o departamento, será realizada uma contratação emergencial para a elaboração dos projetos básico e executivo de engenharia e de execução da obra garantindo, assim, uma solução estrutural confiável e duradoura e em conformidade com as diretrizes do DNIT e com as normas técnicas brasileiras vigentes. “A previsão para conclusão de uma nova ponte é de 10 meses a um 1 ano”, informou o DNIT.

Dentre as medidas adotadas para minimizar os impactos da interdição da ponte, o departamento comunicou estar realizando os estudos técnicos necessários para avaliar a viabilidade de disponibilizar uma balsa na região para o transporte de veículos leves. “No momento, o tráfego de pedestres e de veículos de qualquer porte, segue interrompido na ponte. Sobre o desvio, o DNIT informa que contratou a manutenção e os serviços já estão sendo realizados”, acrescentou o órgão federal.

Impactos econômicos

Na última terça-feira (20), as Federações da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA) e das Empresas de Transportes da Bahia e Sergipe (Fetrabase) encaminharam um ofício conjunto ao Ministro dos Transportes, Renan Filho, solicitando máxima celeridade nas obras de recuperação da ponte sobre o rio Jequitinhonha.

Como destacou o presidente da Faeb, Humberto Miranda, o equipamento é estratégico para o tráfego de mercadorias, suprimentos e produção agropecuária, impactando diretamente as cadeias produtivas e o abastecimento regional. “A ponte atende a uma demanda de cerca de 70 municípios da região. Então, a falta de um canal efetivo de escoamento dos produtos é muito prejudicial para os produtores rurais. São mais de 2 milhões de pessoas na região, que é um importante polo agrícola e industrial, com produção significativa de cacau, café, leite, pecuária de corte, mamão, banana, pescados e mariscos, e precisa ser atendido”, pontuou.

Desde a interdição da ponte, o DNIT indicou três rotas alternativas: para ambos os sentidos da BR-101, siga pela BA-275 até Santa Maria Eterna, acesse a BA-658, depois a BA-982, em seguida a BA-274 e retorne à BR-101, no km 646; sentido Espírito Santo/Salvador, no km 920 da BR-101 acesse a BR-418 no distrito de Posto da Mata, em Nova Viçosa, no Extremo Sul, e siga até a BR-116, em Teófilo Otoni (MG); sentido Itabuna/Espírito Santo, no km 506 da BR-101, em Itabuna, no Sul, acesse a BR-415 e siga até a BR-116, em Vitória da Conquista, no Sudoeste.

Porém, conforme as referidas federações, as chuvas intensas na região têm deteriorado a via, prejudicando, sobretudo, o tráfego de veículos de carga e de transporte coletivo de passageiros. “As federações alertam que o desvio principal passa por uma estrada rural com 75 km de extensão, sendo 53 km não pavimentados e com trechos acidentados, dificultando o trânsito de caminhões de carga e ônibus. Portanto, as federações apontam que a via não está preparada para o fluxo de veículos pesados, nem mesmo para o aumento do tráfego de veículos menores”, destacou o documento enviado ao ministério.

Ainda de acordo com o ofício, dados do Plano Nacional de Contagem de Tráfego (PNCT) de 2023, indicam que o trecho da ponte possui um Volume Médio Diário Anual (VMDa) de 3.233 veículos/dia, somando 96.990 veículos por mês. Esse volume corresponde ao trecho da BR-101 entre os entroncamentos com a BA-275 entre os municípios de Itapebi e Itagimirim.

Segundo a Fetrabase, a interdição da ponte já tem causado transtornos para o setor de transporte rodoviário de cargas e passageiros. Como resultado, a logística torna-se mais cara, mais lenta e mais arriscada, afetando desde o abastecimento de mercadorias até o deslocamento de pessoas por linhas intermunicipais e interestaduais.

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