‘O hidrogênio é a melhor solução para os veículos pesados’

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O Estado de S. Paulo | Mobilidade | MÁRIO SÉRGIO VENDITTI


Executivo da GWM Brasil revela que fabricante já alcançou a marca de dois mil caminhões a hidrogênio vendidos na China

A GWM se instalou no (A) Brasil em 2022 para oferecer modelos eletrificados. No entanto, sua meta global de anular totalmente as emissões de dióxido de carbono (CO. ) inclui um plano audacioso: desenvolver hidrogênio para veículos pesados, como já acontece na China com a FTXT. Trata-se da divisão da empresa dedicada ao desenvolvimento desse combustível, que já movimenta mais de dois mil caminhões nas ruas chinesas.

Uma medida importante nessa direção aconteceu em março, quando Thiago Sugahara, gerente de ESG e relacionamento com stakeholders da GWM, visitou a Universidade de São Paulo (USP) para doar uma célula de hidrogênio, um cilindro de armazenamento e uma membrana de célula de hidrogênio de 1, 4 milímetro. O kit, entregue à Escola Politécnica (Poli-USP) e ao Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), será usado em pesquisas e aulas sobre veículos elétricos movidos a célula de hidrogênio. Ao Mobilidade Estadão, Sugahara falou sobre o envolvimento da GWM com o meio acadêmico e sua visão a respeito do hidrogênio como fonte de energia renovável.

Qual é a finalidade da GWM em fornecer célula de hidrogênio para a USP?

A empresa trabalha com uma agenda de descarbonização mundial, de gerar tecnologias capazes de substituir o diesel dos veículos pesados usados no transporte de cargas e logística. Eles passariam a rodar com hidrogênio, obtido a partir de diversas matérias primas, como a molécula de água, composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Pela eletrólise, é possível dividir essa molécula e separar o hidrogênio do oxigênio, sem emissão de gases.

Como nasceu essa parceria com o ambiente acadêmico?

O acordo faz parte da visão da GWHM Brasil de buscar as melhores soluções para a transição energética. Com esse kit, que produz energia a 110 kW, alunos e pesquisadores terão à disposição uma estrutura em escala real para estudar os componentes críticos e todas as possibilidades do motor a hidrogênio.

Essa iniciativa indica uma convivência mais efetiva da GWM com a academia?

A nossa ação deseja aproximar a academia da indústria automotiva, facilitando o acesso a tecnologias emergentes no campo da mobilidade sustentável. Afinal, acreditamos que a eletromobilidade será construída com estratégias envolvendo fabricantes, universidades e centros de pesquisa. Esse material de trabalho é o primeiro passo para viabilizar um memorando de entendimento, com o objetivo de explorar ao máximo o resultado dos estudos. No futuro, a ideia é testar a tecnologia em caminhões nas vias brasileiras. Vou além: a academia é vetor fundamental para as empresas que querem se instalar no País. Essa aproximação não se resume à produção de hidrogênio para veículos pesados, mas ao desenvolvimento de novas tecnologias.

O fornecimento do material está diretamente ligado à construção da estação experimental de hidrogênio renovável a partir de etanol, na Cidade Universitária?

Queremos estar próximos das iniciativas pioneiras que desenvolvem o novo combustível. Neste ano, a USP vai inaugurar o posto de hidrogênio e o Centro de Hidrogênio Verde (CH, V) da Universidade Federal de Itajubá (MG) já está em funcionamento, gerando hidrogênio a partir de painéis solares.

Os estudos da GWM são direcionados apenas aos veículos pesados? E os carros de passeio movidos a hidrogênio?

Outras montadoras vêm trabalhando com motores a hidrogênio em automóveis leves, porém, a GWM acredita que, no momento, a tecnologia é mais viável nos veículos a diesel. Queremos buscar outros mercados, mas deixando claro que o objetivo central é transferir tecnologia e não importar ou exportar veículos.

Quais serão as próximas fases do acordo com a USP?

Estamos planejando levar profissionais da universidade para conhecer os laboratórios da FTXT, na cidade de Baoding, na China, e também trazer um caminhão movido a hidrogênio – com autonomia de 400 a 500 quilômetros – para testes de rodagem no Brasil. Podemos até mesmo fazer parcerias com outras montadoras instaladas no País.

Como está o desenvolvimento de hidrogênio na China, país-sede da GWM?

O país encontra-se na vanguarda da eletrificação automotiva. A FTXT é a antiga Shangai Fuel Cell que, em 2019, foi incorporada pela GWM para ser o braço dedicado ao desenvolvimento de células de combustível. Dois mil caminhões com propulsão a hidrogênio da marca já rodam nas ruas do país. São veículos de 49 toneladas, empregados em atividades severas, como mineração. A FTXT possui quatro sofisticados laboratórios de pesquisas -dois na China, um no Japão e um no Canadá, uma demonstração de que avançamos em outros mercados. A GWM é referência global nesse setor, com soluções em eletrificação e hidrogênio em seu portfólio.

A China já possui infraestrutura básica de fornecimento de hidrogênio aos caminhões?

O nível de maturidade da China na preparação de infraestrutura é fora da curva. O país trabalha rápido demais e outras empresas tentam acompanhar essa corrida. A FTXT é uma das três principais empresas do país no desenvolvimento de hidrogênio.

Qual é o papel da subsidiária brasileira no compromisso de descarbonização da companhia?

Nossa meta global é zerar as emissões de CO, até 2045. Além de apoiar as pesquisas da USP, o recém-lançado Tank 300, SUV off-road híbrido plug-in, se junta à linha vendida no Brasil, composta atualmente pelo híbrido Haval 6 e o elétrico Ora 03. O início das operações da fábrica de Iracemápolis (SP), com práticas sustentáveis, também faz parte dessa estratégia.

A seu ver, quais são os principais desafios para a utilização de hidrogênio verde no Brasil?

O País é um potencial produtor de hidrogênio verde e pode assumir o papel de protagonismo na descarbonização mundial, gradativamente tirando de cena os motores a combustão e trocando pelos combustíveis renováveis. Para isso é preciso, no entanto, que o governo federal crie políticas públicas para ajudar a fomentar investimentos.

“Acreditamos que a eletromobilidade será construída com estratégias envolvendo fabricantes, universidades e centros de pesquisa”

“Queremos buscar outros mercados, mas o objetivo central é transferir tecnologia e não importar ou exportar veículos”

GWM Brasil

2022 Início das atividades no País

101 Número de concessionárias

400 Número de colaboradores

Portfólio de veículos: Haval H6, Ora 03 e Tank 300

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