Petrobras alerta sobre lote de gasolina de aviação; BR, Raízen e BP suspendem vendas

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(Reuters) – A Petrobras paralisou preventivamente o fornecimento de um lote de gasolina de aviação importada, mais usada em aeronaves de menor porte, após testes detectarem alterações no combustível, o que levou BR Distribuidora, Raízen e BP a suspenderem temporariamente vendas do produto na sequência.
A situação, no entanto, não gera impactos sobre as operações das principais companhias aéreas do Brasil, Gol e Latam, que utilizam querosene de aviação (QAV) nas aeronaves, segundo a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear).
A Petrobras informou no sábado que identificou um lote de gasolina para aeronaves (AVGAS) com “teor de compostos aromáticos diferente dos lotes até então importados”, embora dentro dos requisitos de qualidade exigidos pela reguladora ANP.
A companhia disse que avalia se uma variação na composição química do produto poderia ter impactado materiais de vedação e revestimento de tanques de combustíveis de aeronaves de pequeno porte, mas ressaltou que ainda não há diagnóstico completo que permita assegurar essa relação de causa e efeito.
Uma fonte da empresa informou à Reuters nesta segunda-feira que a estatal tem outros lotes de gasolina de aviação para ofertar ao mercado, o que evitaria qualquer problema de abastecimento.
“Temos GAV de outros lotes e portanto não faltará produto”, afirmou a fonte, sem dar mais detalhes.
Empresas abastecidas pela Petrobras com o combustível, como BR Distribuidora, Raízen e BP, informaram nesta segunda-feira que suspenderam a comercialização do produto e recomendaram a revendedores que façam o mesmo enquanto aguardam mais detalhes sobre as apurações da estatal ou orientação de reguladores.
A BR disse em comunicado ao mercado que tomou a decisão porque tem a Petrobras como única fornecedora de AVGAS, assim como a Raízen, uma joint venture entre a brasileira Cosan e a petroleira Shell.
A BR afirmou que a medida é válida “até que mais informações estejam disponíveis e haja orientações específicas pelos órgãos reguladores”.
A Raízen disse que “está em contato constante com a Petrobras para obter mais informações sobre o caso e alternativas para novos suprimentos”, em nota à Reuters.
A BP afirmou que sua unidade Air bp suspendeu as vendas do combustível e comunicou aos clientes sobre os lotes comercializados.
“Permanecemos em contato com a Petrobras para obter outras informações sobre os lotes de gasolina de aviação e diagnóstico completo dos testes realizados no seu centro de pesquisas (Cenpes), para fins de rastreabilidade e alternativas para suprimento deste produto ao mercado”, disse a BP em nota, após questionamento da Reuters.
O alerta da Petrobras sobre o combustível para aeronaves veio após a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) terem informado na sexta-feira a criação de um grupo de trabalho conjunto “para apurar denúncias sobre a qualidade da gasolina de aviação utilizada no país”.
As reguladoras informaram que equipes da ANP iniciaram fiscalizações, incluindo no Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo.
As denúncias foram encaminhadas às reguladoras pela Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil, que falou em ofício à Anac em “suspeita de contaminação” do combustível.
Os pilotos pediram que a agência realize uma investigação sobre as condições técnicas e de qualidade do combustível distribuído no Brasil nos últimos 180 dias.
No comunicado divulgado no final de semana, a Petrobras disse que um diagnóstico completo sobre o produto exigirá “rastreamento em todo o território nacional”.
A estatal também disse que “todos os lotes importados estão dentro dos parâmetros exigidos pela ANP e que dispõe de produto importado para comercialização imediata, mantendo-se, desta forma, o fornecimento de produto ao mercado”.
A estatal acrescentou que seguirá cooperando com Anac e ANP sobre o tema.
Segundo a Petrobras, o mercado de gasolina de aviação representa cerca de 4 mil metros cúbicos por mês, volume que é destinado a aeronaves de pequeno porte. O valor é cerca de 150 vezes inferior ao do mercado de querosene, que gira em torno de 600 mil metros cúbicos mensais.
Procurada, a ANP não respondeu de imediato a um pedido de comentários sobre os comunicados de Petrobras, BR e Raízen.
A Abear, que representa empresas de aviação como Gol e Latam, disse que essas aéreas não utilizam o combustível alvo da controvérsia.
“A interrupção do fornecimento de um lote importado de AVGAs pela Petrobras, após a constatação de um problema, não tem qualquer impacto sobre a operação da aviação regular”, disse a entidade nesta segunda-feira.
A Petrobras informou que tem importado gasolina de aviação junto a grandes empresas norte-americanas desde 2018, quando a unidade que produzia o combustível, em sua refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP), foi paralisada.
A produção local deve ser reiniciada em outubro de 2020, após um atraso em obras associado à pandemia de coronavírus, acrescentou a estatal.
A Petrobras não informou o volume do lote cujas vendas foram suspensas.
Segundo informação do site da estatal, entre os aviões que utilizam o combustível estão aeronaves empregadas na aviação particular, na agricultura, em treinamento de pilotos, na aviação comercial de menor porte e nos experimentais e esportivos.

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