Fonte: Valor Online
Cerca de três semanas à frente da Petrobras, o presidente Roberto Castello Branco já promoveu ao menos dez mudanças no alto escalão da empresa. A expectativa é que os novos diretores da companhia assumam suas funções nesta quinta-feira (31/01), mas com uma baixa importante de última hora. Indicado para a área de estratégia, Lauro Cotta desistiu da vaga.
Cotta surpreendeu o mercado, ao alegar motivos pessoais para a desistência. Segundo duas fontes, ele já havia passado pelo teste de integridade e estava animado com o novo desafio profissional. O executivo, inclusive, já vinha trabalhando dentro da companhia como assessor, enquanto esperava a validação de sua indicação pelo conselho de administração.
Ex-presidente da SHV Gas Brasil (controladora da Supergasbras) e ex-conselheiro da SHV Energy na Holanda, o executivo era um nome bem avaliado entre analistas e investidores. Cotta havia sido indicado para o lugar do ex-diretor Nelson Silva. Procurado pelo Valor, Cotta não respondeu aos questionamentos sobre a decisão.
O conselho da Petrobras se reúne hoje para deliberar sobre os novos nomes da diretoria: Carlos Alberto Pereira de Oliveira (conhecido como CAPO) para área de exploração e produção; Anelise Lara, indicada para refino e gás; e Rudimar Lorenzatto para a diretoria de desenvolvimento da produção e tecnologia - todos eles ex-gerentes-executivos da petroleira.
A desistência de Cotta é o segundo revés na montagem do novo comando da Petrobras. Indicado para uma das vagas do conselho, o geólogo John Forman, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), já havia renunciado ao convite este mês, devido ao desgaste provocado pelo fato de ter uma condenação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por uso de informação privilegiada na negociação de ações da antiga HRT (hoje PetroRio). O ex-diretor da ANP recorreu da decisão à Justiça.
Forman será substituído no conselho por Nivio Ziviani, professor emérito do departamento de ciência da computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A União, como acionista controladora, indicou ainda outros dois nomes para o colegiado: o almirante Eduardo Leal Ferreira e João Cox, ex-presidente da Claro.
Desde que assumiu a presidência da Petrobras, Castello Branco já fez ao menos dez mudanças no alto escalão da empresa, com destaque para os novos diretores CAPO, Anelise, Lorenzatto. A ascensão dos trio implica na troca de cadeiras nas três gerências-executivas de onde eles vieram. Para a vaga de Anelise na área de aquisições e desinvestimentos, por exemplo, foi indicada Ana Paula Saraiva, gerente de fusões e aquisições.
Castello Branco também trouxe para a gerência-executiva de recursos humanos Claudio Costa, ex-secretário executivo adjunto de gestão de pessoas da Prefeitura de São Paulo durante a gestão de João Doria (PSDB). Já o diplomata Roberto Ardenghy assumirá a chefia de gabinete da presidência, enquanto o professor Luciano de Castro, principal assessor de Jair Bolsonaro na área de energia durante a campanha eleitoral, foi escolhido para assessoria especial de gás natural.
A indicação de maior polêmica foi a de Carlos Victor Nagem, para a gerência-executiva de inteligência e segurança corporativa. O funcionário foi candidato a deputado estadual pelo PSC no Paraná em 2018 e é próximo do presidente Bolsonaro, o que gerou ruídos sobre uma possível ingerência do governo na companhia.