Preço da gasolina nas refinarias no acumulado de 2020 cai 48,5%

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Fonte: A Tarde

A queda no preço da gasolina nas refinarias no acumulado deste ano foi de 48,5%, segundo a Petrobras. No entanto em Salvador a redução do preço médio desse combustível nos postos foi de 11,8% – comparando a média de preços na quarta semana de abril, em relação à média de março. Já o preço do metro cúbico do gás natural veicular caiu apenas 1,3%, no mesmo período, o que indica que a crise não ajuda a quem instalou o GNV – em sua maioria motoristas de aplicativo e taxistas.

“Neste momento, fazer a conversão não é vantajoso. A Bahia Gás não tem reduzido seus preços, trabalha com preço linear durante a crise”, afirma o presidente do Sindicombustíveis Bahia, Walter Tannus Freitas. Para ele, hoje o maior concorrente do GNV não é nem o etanol, mas sim a gasolina.

Em março, o preço do metro cúbico do GNV em Salvador estava em R$ 3,079 e na quarta semana de abril era de R$ 3,040. Já a gasolina está em média R$ 3,988 (ante R$ 4,524) e o etanol, R$ 3,138 (antes da crise a média era de R$ 3,529, redução de -11%).

Desproporcional

A queda no preço da gasolina nos postos desestimula o uso do GNV e do etanol. Mas o fato é que o preço na bomba não acompanhou a redução feita nas refinarias. O presidente do Sindicombustíveis Bahia explica: “Essa conta não pode ser proporcional, porque sobre os tributos não houve redução. Do litro da gasolina, R$ 1,97 são tributos. O que pesa mais é o ICMS”, explica.

Os postos de combustíveis da Bahia vendem hoje 30% do que vendiam anteriormente. “Os preços têm acompanhado a oscilação da Petrobras, mas, em vista da queda de volume, os revendedores estão tentando sobreviver”, afirma o presidente do Sindicombustíveis Bahia.

Diesel

Em relação ao diesel, Freitas diz que todo o mercado tem acompanhado a perda de volume e o revendedor tem que adequar seu negócio à nova realidade. “Nessa crise ninguém vai sair melhor do que entrou. Alguns vão perder mais e outros menos. Nossa categoria não é diferente, temos perdido volume, margem”. E ele completa: “Não vejo neste ano perspectiva de ter os mesmos volumes que comercializávamos antes da crise”.

A questão do desemprego é preocupante. “Cada um tem que fazer suas contas, tomar suas medidas, mas o desemprego vai crescer. A Bahia já tem uma das rendas per capitas mais baixas do país, temos um Estado paralisado e esse baque será sentido de maneira intensa por toda a sociedade”, pondera Freitas.

Nesse primeiro momento, a orientação do Sindicombustíveis foi de não demitir, mas a decisão é do revendedor, lembra o presidente. “Quanto menos trauma a sociedade sofrer mais rapidamente vamos nos recuperar. Algumas medidas foram tomadas, como redução de salário e redução da carga horária, para evitar ao máximo a demissão.
Apesar das dificuldades, os postos de combustíveis vão sofrer menos, em relação às empresas que tiveram de fechar as portas. “Nós somos um segmento que vai passar por menos dificuldades. Ainda assim estima-se alta de 7% na taxa de desempregados. Se levar em conta que há na Bahia 70 mil trabalhadores nesse setor, seriam quase cinco mil desempregados. É um número expressivo”, avalia Freitas.

Retomada

Na teoria econômica, quando um empresário reduz o preço de um produto há uma tendência de aumentar o consumo. Com os combustíveis, o país vive um fenômeno: o preço da refinaria está em queda, mas o consumo também cai. “O preço da gasolina na refinaria de janeiro para cá caiu cerca de 50% e o consumo despencou 60% ou até mais”, conta Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), com sede no Rio de Janeiro.

O dono de posto, por sua vez, tem um custo fixo. Precisa pagar luz, IPTU, limpeza, funcionários etc. “Ele até poderia repassar ao consumidor toda a queda de preço que veio da refinaria, caso isso significasse aumento de consumo. Mas junto com a redução de preço teve redução de consumo. O revendedor, então, não consegue repassar ao preço final tudo o que caiu na refinaria, senão ele fecha o posto”, avalia Pires.

Para ele, a saída seria, na reabertura dos comércios após a pandemia, ter um movimento acima do que existia anteriormente. “Se essa reabertura der certo, sem repique, eu imagino que o consumo de combustível deve subir, porque todo mundo que puder não andar de ônibus ou trem vai pegar seu carro. Então, se o consumo começar a crescer, revendedores de combustível poderão passar quedas maiores nos preços”, explica o diretor do CBIE. “O dólar atinge mais o preço na refinaria. Na bomba, o que importa é ter consumo”, conclui.

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