Raízen amplia venda de ativos e já vê interesse por refinaria na Argentina

Governo mostrará projeto sobre venda de petróleo com possível arrecadação de R$ 15 bi
23/05/2025
Produção de biodiesel cresce no Brasil e Abiove defende elevação da mistura B15 no diesel nacional
23/05/2025
Mostrar tudo

O Estado de S. Paulo

Raízen, joint venture entre o Grupo Cosan e a Shell, está ampliando o escopo de ativos à venda e já tem interessados para sua operação na Argentina. O movimento responde a uma pressão em seu caixa, diante de um endividamento elevado da companhia, que hoje é um dos maiores problema do Grupo Cosan. De acordo com fontes, a previsão é que a empresa levará dois anos para colocar a casa em ordem. A Coluna apurou que a multinacional Trafigura e a anglo-suíça Glencore estão entre as que avaliam a refinaria argentina da Raízen. O BTG Pactual recebeu mandato para conduzir a venda, de acordo com fontes. Procurados, Raízen, Glencore, Trafigura e BTG não comentaram.

Usinas devem entrar no processo

A estratégia de desinvestimento já vinha sendo sinalizada pela companhia. Mas agora há uma indicação de que o processo envolverá a venda de um número maior de alguns ativos que estão no centro de seu negócio: usinas de açúcar e álcool. Este mês, por exemplo, a Raízen acertou a venda Usina de Leme (SP).

Empresa pode levantar até R$ 15 bilhões

A visão de analistas do mercado que acompanham a empresa, ouvidos pela Coluna, é de que o desinvestimento nestas usinas pode render à companhia até R$ 7 bilhões e, somadas as operações da Raízen na Argentina, chegar a R$ 15 bilhões, suficientes para equalizar a atual alavancagem da companhia.

REDE. Além da refinaria, a Raízen opera na Argentina uma rede de mais de mil postos de combustível, uma planta de lubrificantes, três terminais terrestres, duas bases de abastecimento em aeroportos e ativos de GLP (gás liquefeito de petróleo). A companhia adquiriu os negócios no país da Shell em 2018. Na época, a refinaria, segunda maior da Argentina, foi avaliada em US$ 1 bilhão.

DESINVESTIMENTOS. O CEO da Cosan, Marcelo Martins, disse esta semana que será preciso considerar um volume de desinvestimentos substancial na Raízen e, eventualmente, redução de sua capacidade de moagem. Desde 2024, quando a Cosan sinalizou a necessidade de melhorar sua estrutura de capital, várias alternativas foram estudadas para a Raízen.

SEM ROLAGEM. Na visão de analistas, as vendas de mais usinas sucroalcooleiras e da operação da Argentina são, combinadas, as alternativas mais adequadas para solucionar a questão de alavancagem da Raízen. A leitura é que a empresa já fez o que era possível no que se referea negociação e alongamento de passivos, mas, sem vender operações relevantes, a conta não fecha.

ALAVANCAGEM. A alavancagem da Raízen, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado dos últimos 12 meses, subiu de 1, 3vez no quarto trimestre de 2023/24 para 3, 2 vezes em igual período de 2024/25. Ebitda é a sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, e representa o resultado operacional de uma empresa. A dívida líquida encerrou o trimestre em R$ 34, 26 bilhões, um aumento de 78, 9% em relação ao ano anterior.

CONCORRÊNCIA. Um tradicional grupo fabricante brasileiro de bens de consumo se deparou com um empecilho ao procurar uma camisa na elite do futebol nacional para estampar sua marca, como já fez no passado: está cada vez mais difícil, ou melhor, cada vez mais caro patrocinar o esporte. E a “culpa” é das casas de apostas online, as bets, que invadiram este espaço.

CONGESTIONADO. Invadir, neste caso, não é figura de linguagem. Dos 20 clubes da Série À do Brasileirão, apenas dois Red Bull Bragantino e Mirassol – não estampam uma bet como patrocinadora principal.

DISPUTADO. A empresa interessada no patrocínio vive um momento positivo e se ressente da dificuldade de atrelar sua marca a clubes do primeiro escalão. Isso, fora a preocupação de que os gastos dos brasileiros com bets, na casa dos bilhões, impactem a capacidade de consumidores comprarem os bens vendidos pela marca.

INFLAÇÃO. Para se ter uma ideia da “inflação das bets”, basta lembrar que a Sportingbet fechou com o Palmeiras por R$ 170 milhões anuais. A antiga patrocinadora pagava estimados R$ 80 milhões. Quando rompeu o contrato com a Vai de Bet, em 2024, o Corinthians pediu três vezes mais do que pagava a antiga parceira, estimados R$30 milhões, segundo pessoa deste mercado, que tinha interesse em ocupar o espaço. O Timão acabou fechando com a Esportes da Sorte, por estimados R$ 60 milhões.

NO “CORE BUSINESS’

Processo de desinvestimentos da Raízen pode incluir um número maior de usinas sucroalcooleiras, um de seus principais negócios

SOBE

Importação de aços planos aumentou 21% em abril

As importações de aços planos somaram 293 mil toneladas em abril, alta de 21% frente ao mesmo mês de 2024, segundo o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). Para o presidente do Inda, Carlos Jorge Loureiro, o mais preocupante para o setor é a importação de laminados a quente, cuja alta foi de 48% em abril. O instituto indica que, dos produtos acabados importados, 76, 2% são de origem chinesa.

DESCE

Atividade industrial recuou no mês passado, diz CNI

A atividade industrial caiu em abril, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNJ). O índice que mede a evolução da produção industrial ficou em 47, 8 pontos, o que significa que os empresários apontaram queda da produção do setor em relação a março. De acordo com a CNI, é normal o indicador de produção ficar abaixo dos 50 pontos em abril. Os índices variam de zero a 100 pontos, sendo que valores abaixo de 50 pontos indicam queda.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *