Vendas do comércio varejista crescem 13,9% em maio, muito acima do previsto

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Fonte: O Globo

As vendas no comércio varejista subiram13,9% em maio na comparação com o mês anterior, mostra Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira. Mesmo considerando que a alta foi em relação a abril, que registrou o pior resultado desde o início da pesquisa em 2000, o número sinaliza um movimento de recuperação a economia, pois ficou muito acima das previsões dos especialistas que eram de alta de 5,7%, segundo o Valor Data. Houve alta em todas as atividades pesquisadas.
Os primeiros números do varejo de junho também mostraram um reaquecimento do comércio. As montadoras mais que dobraram a fabricação de veículos em relação a maio e a Receita Federal constatou aumento de 10,3% nas vendas ao consumidor, na comparação com junho de 2019.
Para economistas, os efeitos da pandemia ainda seguem impactando o varejo, mas os dados indicam que o pior já passou. Entre as empresas ouvidas pelo IBGE, 18,1% relataram impacto em suas receitas em maio. Em abril, essa taxa era de 28,1%.
— O pior mês foi efetivamente abril, até maio dá para dizer que o pior mês já passou — ressalta Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE.
Além da base de comparação, fatores como a reabertura das empresas em algumas localidades, a liberação do auxílio emergencial e a antecipação do décimo-terceiro para aposentados influenciaram no bom desempenho do comércio em maio,.
A despeito dos números positivos, o setor ainda segue abaixo do nível pré-pandemia. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o setor caiu 7,2%, o pior desempenho desde 2016, indicando que as vendas ainda estão abaixo da normalidade. Nesta comparação, apenas as vendas em supermercados estão com desempenho melhor do que o registrado em 2019.
Revisão de expectativas
Com o segundo indicador positivo da economia divulgado para maio e com os indicadores preliminares positivos de junho, economistas devem começar a revisar as projeções para o segundo trimestre de 2020, que eram de queda de dois dígitos.
Segundo o Boletim Focus, do Banco Central, a estimativa de retração do PIB nesse período é de 12%. Para o ano, a mediana é de 6,5%, a maior retração em 120 anos.
— Muda a cara de uma contração abissal para uma contração severa — afirma Homero Guizzo, economista da Guide Investimentos.
A dúvida está, segundo economistas, se a alta irá se sustentar nos próximos meses. Apesar de ancorada no desempenho de todos os setores, diante do impacto severo praticamente generalizado, com exceção de supermercados e farmácias, o desemprego irá aumentar nos próximos meses, diminuindo a renda das famílias. Com menos recursos disponíveis, menos consumo.
Além disso, a retomada sustentável do comércio, assim como em outros setores, vai depender do controle da pandemia, diante da possibilidade de novo fechamento das atividades e da segurança do consumidor diante do cenário de risco de saúde, perda de emprego e renda. Epidemiologistas têm ressaltado que o país sequer saiu da primeira etapa de contágio da Covid-19.
— Não sabemos como a economia vai reagir com a pandemia caso haja uma segunda onda. Com a flexibilização, talvez a gente consiga uma recuperação, mas será difícil voltar ao período pré-pandemia sem um incentivo extra — ressalta Rodolfo Tobler, economista da FGV/Ibre.
Para Tobler, será necessário aguardar o resultado dos próximos meses para saber se a alta registrada em maio se consolidará. No acumulado do ano, o setor recua 3,9%.
A expectativa é que as vendas cresçam com os principais estados do país em termos econômicos, São Paulo e Rio de Janeiro, estarem flexibilizando as medidas de isolamento social. Um recuo, como visto em estados como Rio Grande do Sul, podem frear essa melhora.
— Não me parece que o consumo está aquecido, mas a continuidade desse ritmo é difícil de imaginar, as pessoas estão com a renda muito incerta. Em junho, poderá ter continuidade de recuperação, mais tímida com relação a maio e com alguma oscilação nos outros meses — alerta Tobler.
O resultado desta quarta elimina uma pequena parte das perdas provocadas pelas medidas necessárias de isolamento social. Segundo dados do IBGE, as vendas no setor ainda estão 7,3% abaixo de fevereiro, último mês antes dos impactos da pandemia de Covid-19. E 12% abaixo do auge da atividade, registrada em outubro de 2014, indicando que o país ainda não havia se recuperado da crise econômica do biênio 2015-2016.
Para Tobler, será necessário aguardar o resultado dos próximos meses para saber se a alta registrada em maio se consolidará como uma tendência. No acumulado do ano, o setor recua 3,9%.
A expectativa é que as vendas cresçam com os principais estados do país em termos econômicos, São Paulo e Rio de Janeiro, estarem flexibilizando as medidas de isolamento social. Um recuo, como visto em estados como Rio Grande do Sul, podem frear essa melhora.
— Não me parece que o consumo está aquecido, mas a continuidade desse ritmo é difícil de imaginar, as pessoas estão com a renda muito incerta. Em junho, poderá ter continuidade de recuperação, mais tímida com relação a maio e com alguma oscilação nos outros meses — alerta Tobler.
Além disso, o fim do auxílio emergencial de R$ 600 e das medidas adotadas do governo para diminuir a queda da economia podem influenciar na recuperação no segundo semestre. O consumo contribui com cerca de dois terços da produção econômica total do país. Por isso, uma recuperação em “V”, para perto do estágio em que estava numa velocidade alta, segue descartada.
— O programa de compensação de renda e o auxílio vai ajudar e está ajudando a recuperar uma situação mais grave. A renda emergencial tem hora pra acabar no futuro próximo — ressalta Guizzo, da Guide.
Nesta quarta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, exibiu em apresentação dados que seguem apontando melhora, no início de julho, nas vendas do varejo e um impacto menos negativo para a indústria em meio à crise com o coronavírus. Ele repetiu que dados preliminares indicam alguma recuperação no varejo, exceto para serviços.

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