50 postos de combustíveis são suspeitos de terem sido usados para lavagem de dinheiro de facção

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Fonte: G1

Cerca de 50 postos de uma rede de combustíveis são investigados como suspeitos de terem sido usados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), facção que atua dentro e fora dos presídios do país, para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, segundo a Polícia Federal (PF).

“O que nós percebemos? Foi a utilização de uma grande quantidade de pessoas jurídicas vinculadas a uma rede. Eu não quero dizer que essa rede, ela é envolvida, mas ela tem algo em torno de 110 postos. De 110, eu acredito que algo em torno de 40 a 50 que nós identificamos”, disse o delegado federal Rodrigo Costa durante coletiva à imprensa na sede da PF em São Paulo, sobre a Operação Rei do Crime.

A ação teve o objetivo de desarticular o esquema e ocorreu em quatro estados do Brasil. A rede de postos Boxter foi um dos principais alvos da operação. A reportagem tentou contato com a empresa, mas não obteve retorno. A PF não informou onde estão localizados os postos suspeitos.

“Ou seja, é uma marca sólida no mercado, são empresários que se envolvem em atividade ilícita, mas em meio a atividade ilícita você tem a atividade lícita. Só o que acontece: a atividade lícita quando envolvida, ela se permeia dentro da atividade ilícita. E isso é muito difícil de ser identificado”, completou o delegado da PF.

Para não quebrar a empresa e evitar a depreciação, a PF pediu – e a Justiça autorizou – que sejam nomeados administradores, que vão tocar o negócio até o fim do processo.

4 estados
A operação foi deflagrada no Paraná, em Santa Catarina e na Bahia. Foram cumpridos mandados de prisão, busca e apreensão e sequestro de bens usados pela quadrilha, como iates, motos-aquáticas, helicópteros, carros e relógios de luxo, além de dinheiro, joias e bebidas importadas.

A facção movimentou ao menos R$ 30 bilhões com a lavagem de dinheiro, segundo a PF. Ao todo, 13 pessoas foram presas. Quatro delas em um hotel em Salvador e nove na capital paulista.

Entre os presos está um homem conhecido como Alemão, principal alvo da operação, detido em São Paulo. A família dele é dona de cerca de 50 postos de combustíveis.

As investigações apontam o envolvimento dele com os assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, conhecido como Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, em 2018, no Ceará. Os dois mortos eram importantes membros da facção, sendo que Gegê era um dos chefes.

Foram cumpridos 43 mandados de busca e apreensão em apartamentos de luxo e empresas. No estado de São Paulo, a operação ocorreu nas cidades de Bauru, Igaratá, Mongaguá, Guarujá e Tremembé. Também são cumpridos mandados em Londrina e Curitiba, no Paraná; em Balneário Camboriú, Santa Catarina; e Salvador, na Bahia.

Dentre os presos em São Paulo está Antônio Carlos Martins Vieira, conhecido como “Tonhão”. Segundo a investigação, ele foi identificado como responsável por parte das empresas usadas na lavagem de dinheiro.

Empresários do setor de combustíveis e uma pessoa que foi condenada pelo envolvimento no furto ao Banco Central do Brasil, ocorrido em Fortaleza, em 2005, também foram alvos.

Mais de 70 empresas são investigadas e foram interditadas.

A Justiça determinou bloqueio de R$ 730 milhões de contas bancárias suspeitas. Também foi determinado o bloqueio de 32 automóveis, nove motocicletas, dois helicópteros, um iate, três motos aquáticas, 58 caminhões e 42 reboques e semirreboques, com valor aproximado de R$ 32 milhões.

Crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro
Ao todo, 20 pessoas foram indiciadas. Eles responderão pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.

A Polícia Federal pediu à Justiça que as 73 empresas usadas para lavagem sigam em funcionamento e passem a ser administradas pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas do Ministério da Justiça – medida que era inédita até aqui, de acordo com a corporação.

A rede de postos Boxter é o alvo principal da operação, que foi nomeada “Rei do Crime”. A reportagem tentou contato com a rede, mas não obteve retorno.

A investigação foi realizada pelo Grupo de Investigações Sensíveis, unidade de inteligência que compõe a Delegacia de Repressão a Entorpecentes.

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