Adulteração e roubo preocupam setor de lubrificantes, diz Iconic

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Valor Econômico

Parceria entre Chevron e Ipiranga busca ações mais incisivas das autoridades em prol de uma competitividade mais justa no segmento

O roubo de cargas, a sonegação fiscal e a venda de produtos adulterados estão entre os maiores desafios para o setor de lubrificantes, que busca ações mais incisivas das autoridades em prol de uma competitividade mais justa no segmento. A avaliação é da Iconic, joint-venture entre a Chevron e a Ipiranga para produzir lubrificantes, graxas e produtos de arrefecimento. A preocupação se justifica pelo alto valor agregado destes produtos, ao disputar mercado com óleos irregulares, mais baratos.
A Iconic é uma joint-venture firmada em 2017 para aumentar sinergias, otimizar custos e adicionar competitividade num mercado que reúne marcas como Lubrax, Mobil, Castrol, Total e Petronas. A Iconic tem fatia de mercado de 25,4%, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), liderando o mercado, seguida de perto pela Vibra (Lubrax), com 21% e pela Moove, da Cosan, dona da Mobil, com 19,4%.
Mas, segundo o presidente da Iconic, Alexandre Bassanezi, essa competição acaba sendo afetada com a comercialização de produtos resultantes de sonegação e evasão fiscal, bem como de óleos adulterados. Uma das práticas verificadas é o roubo de embalagens originais de marcas conhecidas, usadas para envasar óleos adulterados.
Esses óleos estão fora de padrões e normas internacionais estabelecidas para lubrificantes. A Iconic associou-se ao Instituto Combustível Legal (ICL) para reforçar o combate à prática. “É um desbalanço no mercado e no fim das contas traz prejuízo a clientes e consumidores”, disse Bassanezi.
Nos últimos cinco anos, a joint-venture se dedicou a realização de um trabalho conjunto para aperfeiçoar a produção e distribuição dos produtos, entre outros objetivos. Ipiranga e Texaco (da Chevron), explicou, são marcas complementares, com posicionamentos de mercado diferentes.
O momento atual, conta Bassanezi, é de buscar novo posicionamento da marca institucional, com foco em práticas ESG e inovação. A Iconic cresceu 8% nas receitas em 2023, frente a 2022, resultado que supera a alta de 6% do mercado, que retomou o nível de vendas pré-pandemia. Também impulsionou as vendas da Iconic no ano passado a maior comercialização de veículos novos.
A Iconic também atua em segmentos de máquinas e equipamentos industriais e líquidos de arrefecimento (como os usados em radiadores de motores a combustão de carros de passeio). Ela investiu R$ 50 milhões em 2023 em iniciativas como a melhoria da logística, que incluiu a reorganização das unidades de negócios.
A joint-venture tem três fábricas. Com a reestruturação operacional, a unidade de Duque de Caxias (RJ) passou a produzir lubrificantes e a unidade de Osasco (SP) concentrou a planta de graxas e de líquidos de arrefecimento. Já a fábrica no bairro carioca de São Cristóvão dedica-se, desde 2023, à produção de óleos básicos, matéria-prima dos lubrificantes, e ficou liberada para novos negócios.
Além disso, a Iconic promoveu uma obra no terminal do Porto do Rio para aumentar o calado, para permitir a atracação de embarcações maiores, otimizando a logística ao permitir embarque de maiores volumes. A empresa apostou ainda na substituição de caldeiras que reduziram em 25% o consumo de gás natural e substituiu a frota de empilhadeiras em Osasco por modelos elétricos.
Para este ano, a previsão é de que sejam investidos outros R$ 50 milhões. Uma das iniciativas é a construção de um novo centro de tecnologia, que deve ser inaugurado em 2025, e na troca de empilhadeiras por 15 unidades elétricas na fábrica de Duque de Caxias.
A unidade também terá capacidade de tancagem ampliada em 40%. A Iconic firmará ainda uma parceria com a Ultragaz (do mesmo grupo da Ipiranga) para troca de gás natural nos processos produtivos por biometano.
Essa iniciativas, com as demais em curso, visam reduzir as emissões em 43% até 2030, frente a 2019, ano-base do plano da Iconic.

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