Autopeças apostam no mercado de veículos elétricos

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Valor Econômico

Empresas longevas do segmento de autopeças se sustentaram em inovação, criatividade e inserção em cadeias globais para superar 2020, quando a produção automotiva caiu 82% no segundo trimestre do ano, com 23% de retração no terceiro e 2% no último, sempre em relação ao mesmo período de 2019.
“A recuperação foi mais rápida do que imaginávamos”, diz Marcos de Oliveira, CEO da Iochpe-Maxion, empresa que nasceu em 1918 no ramo madeireiro, migrou para o setor industrial e nos anos 1990 concentrou-se na produção de rodas de aço e alumínio e componentes estruturais, como chassis, para veículos leves e comerciais.
Por volta de 2009, apostou na internacionalização para garantir escala industrial, comercial e tecnológica e atender montadoras onde estivessem. Até então 85% dos negócios eram no Brasil. Agora o país representa um quarto do total. Depois da inauguração de uma fábrica na China, aquisição do negócio de rodas da ArvinMeritor, da Hayes Lemmerz, do mesmo segmento, e da Inmagusa, de componentes industriais, hoje são 32 unidades fabris em 14 países.
Dan Iochpe, bisneto do fundador e presidente do conselho de administração, iniciou processo de saída da gestão em 2012.
Em 2019 as vendas globais alcançaram R$ 10 bilhões. Para enfrentar 2020, a companhia cuidou da saúde dos funcionários e da própria saúde financeira. Levantou recursos no mercado para triplicar seu caixa de R$ 500 milhões e manter capacidade de atendimento. Reduziu investimentos e despesas, mas manteve na mira tendências como eletrificação e redução de emissões, veículos autônomos, mobilidade compartilhada e micro mobilidade e, claro, digitalização.
Já a americana Bridgestone chegou ao Brasil como Firestone em 1923. Agora tem duas fábricas de pneus e duas de bandas de rodagem. O presidente Latin America South, Fabio Fossen, destaca a disponibilidade de insumos, a resiliência da cadeia produtiva e a recuperação de setores como transporte de cargas e agricultura entre os marcos de 2020.
Eletrificação de veículos, compartilhados ou autônomos, inteligência artificial, big data, compostos inteligentes e convergência entre máquina e serviços virtuais são tendências que devem acrescentar dados, integração de sistemas e plataformas ao mercado da mobilidade, diz Fossen. No quesito sustentabilidade, a meta é zerar a emissão de carbono até 2025.
A Marelli, por sua vez, com origem em 1919, possui por meio das unidades Powertrain e Electronics 25 projetos inseridos no Rota 30, programa governamental de incentivos para melhorar a eficiência energética dos veículos no país. “O mercado de reposição das marcas Cofap e Magneti Marelli se manteve acelerado depois de queda em abril e maio no ano passado”, diz Stefano Sancassani, CEO global do segmento.
Com seis fábricas no Brasil, a empresa se tornou 14ª maior fornecedora global em autopeças depois de adquirida pela japonesa Calsonic Kansei em 2019 e, a exemplo das demais, mira a eletrificação do setor automotivo a partir de seu trem de força elétrico.
A Mahle, fundada na Alemanha em 1920 e presente no Brasil desde os anos 1950, comprou a Metal Leve em 1996 e hoje usa seu conhecimento em sistemas e componentes elétricos e eletrônicos para oferecer soluções de sistemas integrados para a mobilidade elétrica.
Em 2019, foram perto de € 12 bilhões em vendas, com 77 mil colaboradores em 30 países e 160 localidades de produção, sete no Brasil, que abriga um dos 16 centros de P&D do grupo e onde surgiu trabalho para melhoria da eficiência energética dos veículos e redução de emissão de poluentes, detalha o presidente e CEO Sergio Sá.
Sistemas e componentes da Mahle Metal Leve são usados em pistas de corrida e fora das estradas, incluindo aplicações marítimas. Sem verba para pistas reais, a Luporini, importadora, distribuidora e fabricante fundada em 1923, apostou em corridas virtuais em 2020, conquistando títulos como Fórmula Ford e Mercedes e atraindo o interesse de pilotos como Emerson Fittipaldi, Felipe Massa e Rubens Barrichelo.
Depois de quase falir nos anos 1980, a saída foi trazer produtos da China na década seguinte e, com a chegada de marcas coreanas, a empresa voltou ao mercado automotivo. Hoje lida com importações, desenvolvimento de produtos – tem 45 fornecedores na China -, e compras no mercado nacional. Aumento de preços chineses, dificuldades com frete e impacto nas entregas derrubou 8,5% do faturamento em 2020. O crescimento ficou restrito à fabricação local de mancais de embreagem para caminhões, 15% dos negócios do grupo. A empresa ainda tem à frente Guido Luporini, filho do fundador, que com 85 anos venceu a covid-19. A seu lado está seu filho Guido Luporini Jr – outra filha toca a fábrica. “Estamos montando conselho e contratando intermediador para o processo de sucessão”, diz Guido Jr.

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