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Fonte: Valor Online

A Petrobras tem folga de seis meses de gás não despachado originado da Bolívia e não deve ser afetada de imediato pela crise daquele país, cujo presidente, Evo Morales, renunciou ao cargo no domingo. A avaliação é do diretor-executivo de relacionamento institucional da Petrobras, Roberto Ardenghy.
A companhia vem renegociando com a estatal YPFB o contrato de importação de gás natural com a Bolívia, que expira em 31 de dezembro. O acordo foi assinado em 1999, e prevê a compra de até 30 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. O insumo é importado por meio do gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol).
Temos ainda uma folga que é o volume não despachado [de gás natural]. Isso nos dá uma folga de no mínimo seis meses e nos permite esperar um pouco a situação da Bolívia ficar clara para possível negociação do contrato”, disse Ardenghy, ontem, em painel do seminário 15º Brazil Power & Energy, promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), no Rio.
Na prática, os termos do contrato ainda em vigor favorecem a formação de espécie de reserva do gás. O contrato é assim: o que você não despachar durante o contrato poderá despachar ao fim do contrato. É como estivéssemos criando uma espécie de seguro de produção até a gente renegociar outro contrato.
Segundo o diretor, as conversas para a renegociação do contrato já haviam começado, mas o calendário eleitoral do país andino atrasou um pouquinho esse processo – as eleições gerais bolivianas aconteceram em 20 de outubro e, após seu resultado ter sido contestado pela oposição, a Organização dos Estados Americanos (OEA) viu graves irregularidades no pleito.
Com a renúncia de Evo Morales e uma nova eleição, a expectativa, segundo Ardenghy, é que o atraso será ainda maior.
De acordo com Ardenghy, os problemas para a renegociação do contrato começaram muito antes da renúncia do presidente da Bolívia. Ele disse que as negociações estavam paralisadas desde um mês antes das eleições bolivianas – que reelegeram Morales no 1º turno. O calendário eleitoral nos prejudicou, afirmou o dirigente da estatal.
No caso do contrato a ser renegociado, ao ser questionado sobre qual volume planeja estipular, se maior ou menor do que o atual, o executivo observou que dependerá de preço. Dependendo das condições de mercado aqui, é claro que a gente quer despachar o máximo possível. Mas claro que a gente tem que olhar o outro lado aí. Vai depender do preço que a parte boliviana vai nos cobrar. Tudo isso vai condicionar o volume que a gente vai despachar nos próximos anos, afirmou Ardenghy.
O executivo acrescentou que a empresa está acompanhando de perto as evoluções do cenário boliviano. Temos lá equipe de 40 pessoas, disse. Primeiro estamos preocupados com o nosso pessoal na Bolívia. Nós enviamos equipe nossa da área de segurança para acompanhar a situação, para garantir a segurança dos nossos funcionários e seus familiares, afirmou ele. Nossa equipe já está lá há mais de uma semana na Bolívia fazendo esse trabalho, disse Ardenghy.

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