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Fonte: O Globo

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse ontem que o governo vai alterar o escopo do programa de R$ 40 bilhões, que financia o pagamento de salários de pequenas e médias empresas. O plano é estender os financiamentos para companhias maiores e reduzir a 50% a exigência mínima de manutenção dos empregos. Até agora, as empresas beneficiadas não podem demitir.
Campos Neto participou de audiência pública na Comissão Mista de acompanhamento dos gastos da Covid-19 no Congresso Nacional. Segundo a apresentação dele, o programa agora deve incluir empresas com faturamento anual de até R$ 50 milhões.
Inicialmente, o financiamento era voltado para empresas que tinham faturamento de R$ 360 mil a R$ 10 milhões. Mas o programa não estava atingindo os resultados esperados. Dos R$ 40 bilhões disponíveis, apenas R$ 1,9 bilhão foi financiado até a última semana.
Na semana passada, Campos Neto explicou que o grosso dos pedidos de crédito veio das empresas que tinham faturamento mais próximo do limite de R$ 10 milhões. O entendimento então foi que a linha não atendia às necessidades das empresas menores. Por essa razão, o governo resolveu ampliar o escopo.
O governo também vai alterar os requisitos mínimos para as empresas se qualificarem para o financiamento. A partir da mudança, as empresas poderão demitir até 50% dos funcionários.
Empresários reclamaram que a necessidade de preservar todos os empregos, —como o programa exigia inicialmente — para receber o crédito era inviável por conta das incertezas da economia. Segundo alguns deles, não era possível saber como seriam os próximos meses para assumir o compromisso de manter os empregados.
Segundo Campos Neto, o programa enfrentou vários problemas, mas, com as mudanças, ele espera que mais empresas tomem o crédito:
—O produto folha de pagamento em si é mais restrito, mais concentrado em empresas maiores. Outro ponto importante: algumas empresas deixaram de acessar as linhas porque tinha a restrição de não poder demitir. Outro fator foi o tema das exigências, de certidão negativa da dívida previdenciária, que a gente resolveu depois.

MAIS 2 MESES DE PROGRAMA
Além disso, o governo vai estender o programa por mais dois meses. Na versão anunciada no fim de março, o prazo do programa era de apenas dois meses, com fim previsto para maio.
A expectativa é de impacto adicional de R$ 10 bilhões, sendo R$ 5 bilhões da extensão por mais dois meses para as empresas atualmente elegíveis e outros R$ 5 bilhões para empresas na nova faixa de faturamento.
Durante a audiência, o senador Espiridião Amin (PP-SC) sugeriu que o programa também fosse expandido para baixo, abarcando empresas menores. Campos Neto sinalizou que isso poderia ser feito, mas que, como dito, a procura veio principalmente das empresas maiores.
—Vai ter mais efeito subir do que cair, mas nós somos a favor de cair, não temos problema e achamos que a medida é boa — disse Campos Neto.
Perguntado pelos parlamentares sobre uma possível falta de dinheiro em espécie para o pagamento do auxílio emergencial, o presidente disse que, apesar do volume grande que está sendo sacado, não há possibilidade de faltar cédulas:
— O BC pediu que a Casa da Moeda antecipasse a produção, isso está sendo feito, nessa última semana o retorno já melhorou. Não existe problema de falta de dinheiro em nenhum caixa nem vai existir. O BC trabalha com uma margem de segurança.
De acordo com Campos Neto, houve um fenômeno de “entesouramento”. As pessoas que sacaram o auxílio preferiram guardar o dinheiro e gastar menos. Dessa forma, as cédulas não voltaram para a circulação.
— Nós pagamos em dinheiro uma quantia que foi alta para o que as pessoas tinham como gastos correntes. As pessoas levaram o dinheiro para casa e gastaram aos poucos.
Campos Neto disse que, com as medidas anunciadas pelo BC como a liberação de R$ 1,2 trilhão em liquidez, o crédito continua fluindo. No entanto, ele admitiu que boa parte dos recursos estão indo para grandes empresas.
— O que é razoável no momento de queda da atividade é que o crédito caia, mas a gente teve uma imensa queda na atividade com crédito para PJ (pessoa jurídica) crescendo.
Nesse caso, o presidente do BC comentou que deve anunciar nos próximos dias medidas para fazer com que o crédito chegue onde deveria chegar.

FINANCIAMENTO EXTERNO
Na apresentação, o presidente do BC afirmou que a saída de capital dos países emergentes está sendo grande durante a pandemia, superando inclusive o que ocorreu na crise financeira de 2008. Segundo ele, o Brasil sofreu uma queda ainda maior do que outros mercados parecidos:
—Isso é basicamente uma mensagem de que a parte de financiamento externo realmente não é uma variável que nós podemos contar no curto prazo.
O comportamento se repete na comparação da desvalorização da moeda. O real é a moeda que mais perdeu valor entre mercados emergentes, com 25,7% de desvalorização do início de 2020 até agora. Na comparação, o rand sul-africano, a segunda moeda que mais desvalorizou, perdeu 20,2% do valor.

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