Demanda de hidrogênio deve superar 200 milhões de toneladas em 2030, diz IEA

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EPBR

A demanda de hidrogênio irá passar de 90 milhões de toneladas em 2020 para mais de 200 milhões de toneladas em 2030, calcula o cenário carbono zero traçado pela Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).

O estudo leva em conta a substituição do hidrogênio usado atualmente, feito a partir de combustíveis fósseis, por hidrogênio de baixo carbono — como o verde, produzido a partir da eletrólise com energia renovável.

E o cenário é promissor para o Brasil.

Representantes da IEA e da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA, em inglês) destacaram o potencial do Brasil na produção de hidrogênio verde, durante o Fórum Ministerial do Diálogo em Alto Nível das Nações Unidas sobre Energia, na última quinta (24).

“O Brasil tem um enorme potencial para hidrogênio com baixo teor de carbono e já estamos vendo atores brasileiros assumindo papéis muito ativos no campo do hidrogênio verde”, disse Mechthild Wörsdörfer, diretora de sustentabilidade da IEA.

Ela citou como exemplo a participação ativa do Porto do Pecém, no Ceará, na Coalizão Global de Portos de Hidrogênio (Global Hydrogen Ports Coalition) formada no mês passado, que pretende compartilhar informações para o desenvolvimento de projetos de hidrogênio ao redor do mundo.

No Brasil, o Pecém vem se destacando por atrair interessados na implementação de um hub de hidrogênio verde na Zona de Processamento de Exportação (ZPE). Até agora quatro empresas já assinaram ou anunciaram a assinatura de memorandos de entendimento para construção de unidades no Pecém.

São elas: White Martins, Fortescue, Enegix, e Qair Brasil. As três últimas calculam investimentos somados de cerca de US$ 14 bilhões.

Transição para economia de baixo carbono com energia renovável competitiva

Na análise da IEA, o uso de hidrogênio, que atualmente está concentrado na indústria química, terá que se espalhar para outros setores para que as indústrias e países alcancem as metas de neutralidade de carbono.

Já o diretor do IRENA, Dolf Gielen, considera que o hidrogênio verde irá ocupar uma posição chave na transição para uma economia livre de carbono. Mas, para isso, ele acredita que será necessário reduzir os custos da energia renovável — e é onde o Brasil leva uma vantagem.

“O Brasil com seu baixo custo na produção de energia renovável é um ótimo lugar para desenvolver uma indústria de hidrogênio verde para consumo nacional e exportação”, afirmou Gielen.

De acordo com secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Paulo César Magalhães, o hidrogênio já aparece como uma tecnologia disruptiva no planejamento de longo prazo brasileiro rumo a uma economia de baixo carbono.

“Poderemos produzir de forma altamente competitiva, não só o hidrogênio verde, mas também as demais cores do hidrogênio”, disse.

Magalhães destacou que 85% da energia elétrica brasileira é renovável, enquanto a média mundial é de 28% , e que o país deve aproveitar a abundância desses recursos para criar uma grande mercado produtor, consumidor e exportador de hidrogênio.

Pacto energético sobre hidrogênio

Durante o evento, o governo brasileiro lançou o pacto energético sobre hidrogênio, com o objetivo de contribuir na consolidação da economia do H2 no Brasil, por meio da alocação de recursos para políticas de pesquisa, desenvolvimento e inovação.

O programa conta com a colaboração dos Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovações para capacitação e treinamento de pessoal. Também pretende criar uma plataforma digital para consolidar dados sobre o setor no Brasil.

O MME deve apresentar até julho as diretrizes para o Programa Nacional do Hidrogênio.

A elaboração do programa foi aprovada em abril pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e terá participação dos ministérios de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Regional, além da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), sob a coordenação do MME.

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