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A procura pelo Gás Natural Veicular (GNV) aumentou este ano, impulsionada pela alta do preço da gasolina. O combustível derivado do petróleo já passou por seis reajustes nesses três primeiros meses de 2021, e acumula uma alta de 54% nas refinarias. Enquanto isso, neste trimestre, o mercado registrou crescimento de 15% no volume nacional de instalações de kit-GNV em automóveis, e de 11% no Estado do Rio. Os dados são da Gerência de Petróleo, Gás e Naval da Federação das Indústrias fluminenses (Firjan).

A busca pelo gás natural está relacionada ao preço competitivo desse combustível, que é historicamente mais econômico do que a gasolina e até mesmo o etanol. De acordo com a Firjan, no Brasil, para cada real gasto com GNV, o motorista roda duas vezes mais em comparação aos outros dois combustíveis. No Rio, essa relação é de 2,5 vezes.

Além de render mais, o preço nas bombas também é mais baixo. No município do Rio, por exemplo, enquanto a gasolina comum sai em média por R$ 6, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o GNV tem preço médio de R$ 2,99. A diferença é de mais de 50%.

O investimento em um kit-GNV para o carro, porém, não é baixo. E tem ficado ainda mais alto com o aumento dos preços dos cilindros de aço, impactados pela pandemia e pela alta do dólar. O setor estima que o kit tenha ficado em média 40% mais caro somente neste ano.

– Mas ainda vale a pena, porque se somar o desconto que o motorista recebe no IPVA e a economia de combustível, a redução dos gastos é muito grande – garante Celso Mattos, vice-presidente da Firjan e presidente do Sindirepa.

Paulo Aguiar, engenheiro mecânico e professor do Ibmec/RJ , recomenda que o consumidor faça as contas antes de instalar o kit-GNV pensando apenas na alta do preço da gasolina. Considerando que o equipamento custa de R$ 4 mil a R$ 6 mil, o motorista deve avaliar em quanto tempo teria um retorno que compensasse esse gasto.

– A economia na bomba existe e é imediata, mas é preciso fazer uma conta mais aprofundada. Para quem troca o carro com frequência, talvez não dê tempo de pagar o investimento.

Desconto no IPVA

Alguns estados oferecem descontos no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para motoristas que têm carro movido a GNV. É o caso do Rio de Janeiro, em que em vez de pagar a alíquota convencional de 4% para os carros de passeio, o contribuinte fluminense com veículo movido a gás natural paga 1,5%.

Ou seja, na prática, para um carro de passeio que tenha valor venal de R$ 50 mil, o IPVA convencional é 4%, que corresponde a R$ 2 mil. Com o desconto para GNV, o valor sairia por R$ 750 – uma economia de R$ 1.250.

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Vale lembrar que, no Rio, os automóveis com mais de 15 anos de fabricação não pagam imposto. Para os demais, se a instalação do kit for feita no primeiro ano após a compra, o desconto só virá no exercício seguinte, cobrado em janeiro.

Cilindros mais caros travam crescimento

O Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Rio (Sindirepa) argumenta que o crescimento do mercado de GNV poderia ser ainda maior se não fosse pelo aumento dos preços dos cilindros, que também estão em falta nos fornecedores. Os motivos são a pandemia, que elevou a demanda por cilindros de oxigênio nos hospitais, e o preço do aço, que assim como o petróleo, é uma commodity e, por isso, está sujeito às variações cambiais.

– Existe um fabricante de cilindros, em São Paulo, que detém 85% do mercado nacional. Os outros 15% são atendidos por dois fabricantes menores e pelos importados. Nos importadores, que ajudam a equilibrar o mercado, o preço do frete triplicou, então eles não estão conseguindo trazer – explica Celso Mattos, presidente do Sindirepa.

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Para Fabiano Reis, sócio da convertedora Rota GNV, a questão dos insumos tem sido o maior gargalo do setor.

– O aço vai subir cerca de 15% em abril, e a maioria dos componentes do kit GNV usa essa matéria-prima.

Prós e contras do gás

Para o engenheiro mecânico Paulo Aguiar, existem vantagens e desvantagens de instalar o kit-GNV no veículo. Entre os benefícios, o professor do Ibmec/RJ destaca a economia na hora de abastecer e o fato de ser um combustível considerado limpo, o que é positivo do ponto de vista ecológico, mas também ajuda a manter algumas peças do carro.

– Por ser um combustível mais limpo, suja menos a câmara de combustão, fazendo com que bicos, velas e injetores durem mais. Como não leva água, isso também evita a corrosão no sistema de escapamento.

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Por outro lado, Aguiar destaca a importância de ter sempre a manutenção do veículo em dia, já que o GNV pode gerar alguns problemas.

– Cabos de vela normalmente dão problema. Além disso, aumenta a pressão interna na combustão e pode dar problemas no motor. Mas normalmente isso ocorre com pessoas mais displicentes – afirma.

Outro ponto que deve ser observado é a garantia do carro, que em alguns casos é cancelada quando o proprietário instala o kit-GNV.

Em relação à perda de potência, o professor explica que esse problema ocorria nas versões mais antigas, mas foi minimizado a partir da quinta geração de kits.

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