Economista diz que países com vocação rural devem se sair bem pós Trump

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Fonte: O Estado de São Paulo

A economia mundial e as relações internacionais de comércio devem ser alteradas após a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, disse Bluford Putnam, economista-chefe da Bolsa de Chicago (CME Group). Em apresentação no Summit Agronegócio Brasil 2016, ele afirmou que a mudança está mexendo e deve continuar o influenciando o câmbio. "Os países com vocação agropecuária devem se sair bem nesse novo cenário de câmbio", afirmou, lembrando que o real se desvalorizou ante o dólar após a eleição e que este movimento favorece as exportações do País. Ele projeta que o dólar fique mais fortalecido ante o euro e o iene japonês.
Para o economista, os EUA estão saindo um pouco da sua posição de líder mundial e o mundo começa uma fase diferente na política. Segundo ele, o Fed, banco central dos Estados Unidos, deve elevar os juros em dezembro, como já foi sinalizado e, que poderá manter um aumento gradual em 2017. Além disso, para ele, os EUA devem ter um déficit de orçamento que deverá ser debatido no próximo ano e que deve fazer com que algumas promessas de Trump, de investimentos em infraestrutura e corte nos impostos, não se concretizem totalmente.
Sobre as commodities agrícolas, o economista afirmou que os efeitos climáticos provocados pelo fenômeno La Niña podem pressionar os preços globais, embora ainda haja dúvidas sobre a força dele. Putnam afirmou que as exportações brasileiras de soja devem continuar crescendo.
Em relação ao milho, Putnam disse que há uma expectativa no mercado de que o novo governo norte-americano "relaxe" as políticas de incentivo à produção de etanol (feito à base do grão no país) e que isto pode adicionar pressão aos preços do cereal. "Mas ainda não há nenhuma certeza sobre isso", acrescentou. No entanto, destacou que, de forma geral, deve haver menos regulamentação para o setor agrícola dos EUA, citando menos rigor na questão de transgênicos.
Putnam avaliou que o consumo de etanol nos Estados Unidos deverá crescer pouco. "Ninguém está infeliz com a porcentagem de 10% e acho que ficaremos em torno disso", disse durante o Summit Agronegócio Brasil 2016, promovido pelo Estadão em parceria com a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), na capital paulista. O porcentual faz referência à parcela de biocombustíveis misturados à gasolina no país.
De acordo com ele, é pouco provável que a mistura obrigatória nos EUA suba para 15%, como se discute no país. Para o economista, também não devem ser observadas "mudanças" no comércio com o Brasil no que diz respeito ao etanol. Entretanto, alguns reflexos na produção de milho em território norte-americano podem ser registrados, já que o álcool nos EUA é feito principalmente a partir do cereal, acrescentou.
Putnam comentou, ainda, que os EUA dificilmente farão parte da Parceria Transpacífica (TPP), agora que Donald Trump foi eleito para presidência do país. Para ele, isso não deverá passar pelo Congresso, controlado por maioria republicana. "Talvez o acordo seja renegociado, mas não contará com os EUA", frisou.

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