Excesso de petróleo acumulado em pandemia está perto do fim

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O excesso de petróleo sem precedentes acumulado durante a pandemia de coronavírus está quase acabando. No entanto, essa tendência que sustenta a recuperação de preços e ajuda produtores incomoda consumidores.

Até fevereiro, havia apenas 20% do excedente que encheu os tanques de armazenamento de economias desenvolvidas quando a demanda por petróleo despencou no ano passado, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Desde então, o estoque remanescente encolheu ainda mais com a queda dos suprimentos acumulados no mar e do volume estocado em tanques na África do Sul.

O reequilíbrio ocorre no momento em que a Opep e aliados mantêm grande parte da produção fora do mercado e uma recuperação econômica ainda irregular reacende a demanda global por combustíveis. Esse movimento sustenta os preços internacionais do petróleo perto de US$ 67 o barril, o que beneficia produtores, mas preocupa cada vez mais motoristas e governos cautelosos com a inflação.

“Os estoques de petróleo comercial na OCDE já estão novamente na média de cinco anos”, disse Ed Morse, chefe de pesquisa de commodities do Citigroup. “O que sobrou do excedente está quase totalmente concentrado na China, que vem acumulando uma reserva permanente de petróleo.”

O processo não está totalmente finalizado. Um superávit considerável se mantém ao largo da costa da província chinesa de Shandong, embora essa reserva pode ter sido acumulada para abastecer novas refinarias, de acordo com consultores da IHS Markit.

Eliminar o que resta do excesso global de petróleo pode levar um pouco mais de tempo, já que a Opep está retomando parte da produção suspensa e novas ondas da Covid-19 na Índia e no Brasil ameaçam a demanda.

Ainda assim, o fim do excedente pelo menos parece estar à vista.

Os estoques de petróleo em economias desenvolvidas ficaram apenas 57 milhões de barris acima da média de 2015-2019 em fevereiro, abaixo de um pico de 249 milhões em julho, estima a AIE.

É um quadro totalmente diferente de um ano atrás, quando os lockdowns esmagavam a demanda mundial por combustíveis em 20% e a trading Gunvor Group temia que o espaço de armazenamento de petróleo fosse acabar.

Queda de estoques

Nos Estados Unidos, o excesso de estoque acumulado já foi efetivamente eliminado.

O total de estoques de petróleo e derivados caiu no final de fevereiro para 1,28 bilhão de barris — nível visto antes da chegada do coronavírus — e continua perto desse nível, de acordo com a Administração de Informação sobre Energia. Na semana passada, os estoques na costa leste dos EUA encolheram para o nível mais baixo em pelo menos 30 anos.

O excedente de petróleo acumulado nos mares também está diminuindo. Os navios foram transformados em depósitos flutuantes improvisados quando as instalações em terra ficaram sem espaço no ano passado, mas os volumes despencaram, de acordo com a IHS Markit.

Os volumes caíram cerca de 27% nas últimas duas semanas, para 50,7 milhões de barris, o menor nível em um ano, segundo projeção de Yen Ling Song e Fotios Katsoulas, analistas da IHS.

Um sinal evidente dessa tendência é a queda do volume em tanques de armazenamento de petróleo bruto no centro logístico da Baía de Saldanha, na costa oeste da África do Sul. É um local estratégico para tradings, que lhes permite flexibilidade de enviar cargas rapidamente para diferentes mercados geográficos.

Os estoques no terminal devem cair para 24,5 milhões de barris, o menor nível em um ano, segundo dados de rastreamento de navios monitorados pela Bloomberg.
Fonte: Bloomberg

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