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Fonte: A Tarde – BA

A gangorra dos preços dos combustíveis desde o início da pandemia encontra um pouco mais de estabilidade quando a referência é o gás natural veicular. Por isso, os usuários do GNV defendem que ainda é válido, tanto converter quanto rodar com os cilindros abastecidos.

Os postos de combustíveis, que tiveram queda brusca de clientes (mais ainda nos estabelecimentos urbanos), ainda convivem com vendas de -50% a -30% , em relação ao normal. “Independentemente da situação, frente a preços instáveis dos combustíveis líquidos, o GNV é para quem roda muito e faz disso sua ocupação: táxis, veículos de frota e transporte por aplicativo, que faça deslocamentos na sua fonte de abastecimento.

Você não faz conversão para rodar a Bahia toda, mas em Salvador, Feira de Santana, onde há oferta do produto. Por isso, fica restrito a algumas cidades”, explica Marcelo Travassos, secretário-executivo do Sindicombustíveis Bahia. Para ele, o GNV sempre vai ser mais em conta e só vale a pena o investimento se rodar muito. “A decisão de fazer a conversão passa, no meu entendimento, pela necessidade do uso intensivo do veículo”.

Vantagem

Há alguns anos, o preço do GNV no governo Dilma foi estabelecido com o preço de uma cesta de produtos, e alinhado com o mercado internacional, enquanto valores da gasolina e etanol ficaram represados pelo governo. “Com a liberação dos preços de combustíveis no atual governo, os valores da gasolina e etanol deixaram de ser artificiais, e com isso o GNV voltou a ter uma maior competitividade. Em abril, segundo a Abegás, o ganho de um consumidor de GNV estava entre 55% para gasolina e 59% para o etanol.

Portanto, mesmo com a redução temporária dos preços de gasolina e etanol, o GNV continuava vantajoso, até porque a Bahiagás também tem praticado algumas reduções de preço ao longo de 2020”, informa Marcos Manoel Alexandrino Souza, gerente da Natugás Serviços, empresa que presta serviços de locação de compressores de GNV para postos de combustíveis, e consultor de GNV.

Souza avalia que a conversão, que custa entre R$ 4 mil e R$ 5 mil, continua valendo a pena. “O ganho hoje situa-se em torno de 55% em relação à gasolina, o que faz com que consumidores que rodam em torno de 2.000 km por mês possam pagar a conversão entre 8 e 10 meses. O site da Bahiagás possui uma tabela de conversão, onde o consumidor pode identificar o ganho real por mês e ano. Temos que considerar também que o uso do GNV contribui para diminuirmos a poluição das grandes cidades”.

Ainda assim, falar em mercado hoje é uma grande incógnita. “Estávamos até março com um aumento no volume de consumo, em relação a 2019, de aproximadamente 7%, porém o consumo de abril em diante despencou. Dados oficiais da Bahiagás sinalizam crescimento de 19,4% de 2018 para 2019 e redução de 5% no primeiro trimestre de 2020, já refletindo o impacto da Covid-19 nos 15 dias de final de março”, cita o consultor.

“Com a retomada da economia, e provavelmente uma baixa liquidez do mercado, o GNV continuará sendo uma opção de redução de custo para o consumidor. Nossa expectativa é que em agosto a economia volte a seu pleno funcionamento e, consequentemente, o volume de vendas volte aos patamares de janeiro e fevereiro”, completa Souza.

Conversões caem

Uma das maiores oficinas de GNV em Salvador ainda sente o baque da pandemia. Simone Carvalho, gerente da Buri Gás Veicular, que faz conversão e manutenção, percebe a queda nas instalações. “Sem movimento nas ruas, sem shoppings e sem escola nossos clientes não rodam – táxis, carros de aplicativo, cooperativas – e nem manutenção fazem. Este mês continua parado. A oficina trabalha meio turno”, conta Simone.

Em sua estimativa, as conversões caíram de -80% a -90% e a manutenção na mesma proporção. Em maio, de três carros que estiveram na Buri, dois fizeram reinstalação (passaram o kit para outro carro) e um apenas realizou a conversão. “Quem instala GNV é porque precisa do carro para trabalhar. Sem trabalho, cai a procura”. Para atrair a clientela, a empresa baixou para R$ 4.600 a conversão (parcelado) ou R$ 4.200 (à vista). Já a reinstalação sai a partir de R$ 930, preço que varia conforme o carro.

Satisfeitos

Gabriel Sales Paranhos Fais, de Camaçari, é administrador e especialista em GNV. Ele estava prestes a abrir o próprio negócio, uma oficina de conversão. “Eu ia abrir a empresa, mas cancelei por causa da pandemia. Não vou entrar com esse investimento agora”.

Enquanto o novo negócio não decolar, ele se vira como motorista de aplicativo e usa um Chevrolet Prisma com kit GNV. “O etanol pode estar até mais barato, mas o GNV tem uma autonomia muito maior. Por exemplo, com R$ 40 de etanol eu não rodo nem 100 km. Com mesmo valor em GNV eu chego a 200 km. Hoje o kit está na 5ª ou 6ª geração, ambas com injeção direta, não tem mais aquele mito de que estraga o carro. Só precisa fazer a manutenção devida, sempre. Aqui em Camaçari, 90% dos 500 a 600 motoristas de aplicativo rodam com GNV. O investimento vale a pena e recupera muito rápido”, recomenda.

Já Ricardo Silva Carvalho é um entre tantos motoristas de aplicativo que devolveu seu carro alugado para a locadora no início da pandemia, quando a demanda despencou. Mais recentemente, com a retomada, ele alugou um veículo de um terceiro com o kit gás. “É melhor e o carro de locadora não tem o gás, só flex. Consigo economizar de 60% a 65% em relação a etanol ou gasolina. Em Salvador, o preço do combustível aumentou, mas o GNV, não. A maioria que aluga de particulares busca carro com GNV. Para quem roda como Uber não tem coisa melhor”, conta Carvalho.

Para se ter ideia dos preços, logo que foi iniciada a quarentena os valores da gasolina e etanol caíram em abril e maio e voltaram a subir entre maio e junho. “A política de preços da Petrobras é danosa para o segmento de derivados de petróleo, não dá para fazer planejamento de curto e longo. Começamos 2020, com uma tendência de queda, e desde 14 de maio foram cinco aumentos. Em menos de um mês, gasolina A [sem adição de etanol, que hoje está em 25%] aumentou 60%”, diz Marcelo Travassos, do Sindicombustíveis Bahia.

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