Não é mais possível defender os papéis da Petrobras, diz XP

Venda de refinarias é colocada em xeque
22/02/2021
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Folha de S. Paulo

A XP Investimentos rebaixou sua recomendação para as ações da Petrobras de neutro para venda neste domingo (21). O preço-alvo foi revisado de R$32 para R$ 24, para ações ordinárias (com direito a voto) e para as preferenciais (sem direito a voto).

Segundo a corretora, a mudança reflete a r decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de indicar o general Joaquim de Luna e Silva para substituir o atual presidente da petroleira, Roberto Castello Branco.

A decisão, feita na sexta-feira (19), representa uma derrota para o ministro Paulo Guedes (Economia), que defendia a permanência de Castello Branco e era contra intervenções na companhia.

Logo depois do anúncio, a Petrobras perdeu cerca de R$ 60 bilhões em valor de mercado – R$ 28 bilhões na Bolsa brasileira e outros R$ 30 bilhões nas negociações dos papéis no exterior.

Os analistas da XP afirmam que, apesar de ainda não ser possível saber qual será a abordagem de Lima, o anúncio coloca em xeque a independência administrativa da Petrobras e traz o risco de que sua política de preços não seja mais praticada de maneira a refletir variações dos preços de petróleo e câmbio.

A nomeação do general ainda será discutida pelo conselho da Petrobras na próxima terça-feira (23).

Para os especialistas as ações da companhia podem ser negociadas a um preço menor em relação ao histórico e a outras petroleiras globais. As incertezas em relação à política de preços também podem implicar em uma menor correlação entre as ações e os preços do petróleo.

“O que importa é a mensagem transmitida ao mercado. […] Por mais que o governo tenha reiterado a defesa da independência da Petrobras e de sua política de preços diversas vezes, acreditamos que o dilema atual persistirá”, afirmaram os analistas Gabriel Francisco e Maira Maldonado, da área de energia, petróleo e gás da XP Investimentos, em relatório.

O movimento poderia levar a uma deterioração nos resultados no futuro, não apenas pelas margens de refino mais baixas, mas também pela possibilidade de a Petrobras importar combustíveis com prejuízo para evitar risco de desabastecimento do mercado local.

Os especialistas dizem, ainda, que as medidas de cunho fiscal em discussão para mitigar os impactos de elevação de preços de combustíveis -como a isenção temporária do Pis/Cofins ou as alterações propostas para incidência do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços)- teriam impactos limitados e pontuais.

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