Por que o preço do álcool segue o da gasolina, apesar de sermos autossuficientes

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Tribuna da Bahia

Em Tempo / Alex Ferraz

Dito assim, o título deste comentário sugere um longo ensaio em economês para explicar um “mistério.” Mas não é necessário. A verdade se resume na mais conhecida lei da economia de mercado: oferta e demanda. Ou seja, quanto mais a sociedade consome determinado produto, seus produtores encarecem o preço para lucrar fabulosamente, muito acima dos padrões normais.
Foi assim no auge da pandemia, por exemplo, quando os preços dos produtos ligados à situação foram multiplicados absurdamente, do álcool gel ao oxigênio, passando por equipamentos complexos como ventiladores pulmonares.
Porém, voltando ao etanol, é conveniente entender, isto sim, por que não precisaria estar tão caro no país.
Comecemos pelo fato de o Brasil ser o maior produtor mundial de etanol derivado da cana-de-açúcar. O país é autossuficiente na produção do biocombustível.

Ainda sobre etanol (I)
Na última safra, em 2021, o Brasil produziu 30 bilhões de litros de etanol, a saber:
3,5 bilhões etanol de milho e
26,5 bilhões etanol de cana
Deste total, o país exportou 1,5 bilhão de litros que não foram utilizados como combustível, mas como álcool com fins não carburantes para a fabricação de produtos de higiene, como álcool gel.
Ainda sobre etanol (II)
O preço real do etanol subiu 36,49% no país nos últimos 11 anos, descontado o valor da inflação no período, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O combustível, que é derivado da cana-de-açúcar, aumentou mais, em termos percentuais, que o preço da gasolina, que é derivado do petróleo e cujo barril é negociado em dólar.
De 2001 a 2022, a gasolina, descontando o valor da inflação, foi reajustada em 20,58%. Ou seja, o valor do etanol em relação à gasolina ficou 15,91 pontos percentuais mais alto.

Oferta e demanda
Essa chamada lei inexorável (sic) vem no bojo do puro e simples oportunismo: se os motoristas, desesperados com a alta da gasolina e o aumento das flutuações internacionais que regem o mercado do petróleo, correm para comprar mais etanol, então é fatal. Os preços desta alternativa dispara e, claro, produtores e revendedores do álcool dobram suas fortunas. Uma fatalidade desesperadora

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