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Fonte: O Estado de São Paulo

(Editorial) A nova redução do preço dos combustíveis nas refinarias anunciada pela Petrobrás, na segunda baixa em menos de um mês, é uma boa notícia não apenas porque ajuda a reduzir as pressões sobre a inflação, mas também porque reafirma o compromisso da direção da empresa de manter os preços internos alinhados aos do mercado internacional. Depois de anos submetida a rígido controle político pela administração lulopetista – que, além disso, a utilizou para montar o bilionário esquema de corrupção cuja extensão ainda está sendo investigada pela Lava Jato – e ainda enfrentando as danosas consequências financeiras e operacionais dessa gestão ruinosa, a Petrobrás, sob nova administração, começa a se recuperar e a praticar políticas claras indispensáveis para o restabelecimento de sua credibilidade.
A decisão da diretoria presidida por Pedro Parente de alinhar os preços internos aos internacionais foi anunciada em 14 de outubro, quando a empresa reduziu em 3,2% o preço da gasolina nas refinarias e em 2,7% o do diesel. Novas quedas poderiam ser anunciadas, pois na ocasião a Petrobrás criou o Grupo Executivo de Mercado e Preço – formado pelo presidente e pelos diretores de Refino e Gás Natural e de Finanças e Relação com os Investidores –, que passaria a rever os preços dos combustíveis pelo menos uma vez por mês. Desta vez as reduções foram, respectivamente, de 3,1% e 10,4%.
Se as cotações internacionais do petróleo continuarem em queda, a Petrobrás poderá voltar a reduzir seus preços, disse o diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino. “Temos, estamos praticando e teremos preços alinhados” (ao mercado externo), garantiu Celestino. Além dos preços internacionais, a política da empresa leva em conta também sua participação no mercado interno. Segundo Celestino, a Petrobrás constatou a perda de 18% do mercado de diesel e de 6% a 7% no da gasolina em outubro. Essa fatia foi conquistada por concorrentes que importaram combustíveis a preços melhores que os praticados pela estatal.
Trata-se de uma mudança radical em relação à política imposta à empresa pelo governo de Dilma Rousseff, que comprimiu os preços internos dos combustíveis quando a cotação do petróleo registrava fortes altas. Sem capacidade de refino suficiente para suprir a demanda interna, a empresa se viu forçada, durante muito tempo, a importar gasolina pela qual pagava o preço internacional, para vendê-la por um preço inferior, fixado pelo governo. Essa política impôs prejuízos bilionários à área de abastecimento da Petrobrás.
O controle de preços que marcou a gestão intervencionista da era lulopetista foi substituído por uma visão de mercado. O objetivo, como informou em nota a empresa, é “fazer com que a Petrobrás possa implementar uma política de preços competitivos, que reflita os movimentos do mercado internacional de petróleo em períodos mais curtos”.
Tem causado certa estranheza o fato de a queda dos preços dos combustíveis nas refinarias da Petrobrás não chegar ao preço final pago pelo consumidor nas bombas. A empresa calcula que, se a redução agora anunciada fosse inteiramente repassada aos preços cobrados nos postos de combustíveis, o diesel ficaria 6,6% mais barato, com redução de cerca de R$ 0,20 por litro, e a gasolina custaria 1,3% menos, ou cerca de R$ 0,05 por litro.
De acordo com cálculos da Petrobrás, com base na média dos preços das principais capitais, o valor pago nas refinarias representa, em média, apenas 30% do preço final da gasolina. Daí o repasse da redução do preço na refinaria, mesmo que integral, resultar em queda bem menos acentuada no valor pago pelo consumidor. Os tributos (ICMS, Cide, PIS-Pasep e Cofins) representam 39% do preço médio da gasolina na bomba. O custo do etanol anidro adicionado representa 16%. A remuneração das distribuidoras e dos postos responde pelos restantes 15%. Mudança ainda que pequena nesta última fatia pode fazer desaparecer o efeito, para o consumidor, da queda do preço na refinaria.

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