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Folha de S. Paulo

Máquinas que consomem menos óleo diesel —e, além de econômicas, poluem menos— e equipamentos que utilizam energia sustentável, como o etanol, estão entre os destaques da Agrishow, que ocorre em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo).
Principal feira agrícola do país, ela é considerada o termômetro do agronegócio. Por isso o destaque a tecnologias limpas no evento é visto como um posicionamento do setor de máquinas agrícolas frente às demandas atuais em meio às mudanças climáticas.
Motores movidos a etanol —em substituição ao diesel—, e combustíveis como biometano estão entre os lançamentos apresentados aos quase 200 mil visitantes esperados até esta sexta-feira (3) na fazenda que abriga a Agrishow, que completa 30 anos desde a realização de sua primeira edição, em 1994.
A John Deere apresenta pela primeira vez no país o conceito de motor a etanol para o setor agrícola, projeto global desenvolvido com apoio de engenheiros brasileiros.
Projetado prioritariamente para a agricultura tropical, o motor a etanol é uma das alternativas, segundo a empresa, para contribuir para a descarbonização do mundo.
O etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar, é um combustível de alta octanagem (resistência à detonação). A John Deere afirma que é uma opção viável para motores de combustão interna de alto desempenho.
Etanol também é o combustível de um gerador que foi apresentado na Agrishow pela Cummins Brasil. O equipamento, em desenvolvimento, deverá ser oferecido ao mercado no ano que vem.
Os testes serão feitos a partir de maio, e a estimativa da empresa é que ele ofereça potência semelhante às versões a diesel.
Outra fabricante que apresenta tecnologias limpas para o agronegócio é a New Holland, com o T4 Electric Power, primeiro trator utilitário totalmente elétrico do setor com recursos autônomos.
Ele se une aos tratores movidos a gás da marca, segundo Eduardo Kerbauy, vice-presidente da New Holland para a América Latina, com o objetivo de formar um portfólio de soluções de tratores de carbono zero.
“Como um veículo elétrico totalmente alimentado por bateria, é o primeiro trator utilitário leve de zero emissões sem motor de combustão interna, é a solução ideal para operações de menor potência, com destaque para a redução de ruídos, que chega a 90%”, disse.
Os visitantes que passam pelo estande da fabricante na Agrishow podem carregar o smartphone na bateria do trator elétrico.
A New Holland ainda comercializa o T6.180 Methane Power, primeiro trator do mundo movido a gás biometano a partir de resíduos orgânicos, que reduz até 80% das emissões se comparado a um motor a diesel equivalente.
A Case também tem investido em combustíveis sustentáveis, como o trator 100% elétrico, além de um motor movido a etanol.
O motor a etanol, de acordo com Christian Gonzalez, vice-presidente da Case IH para a América Latina, é um projeto 100% desenvolvido no Brasil em parceria com a FPT Industrial.
Ele está em fase de desenvolvimento e será testado em colhedoras de cana da Case já na próxima safra.
“O motor a etanol é uma alternativa de combustível renovável, com foco em redução das emissões de CO2, alto desempenho e baixo custo operacional. Vemos como promissor, principalmente para os nossos clientes do setor sucroalcooleiro que, além de contribuírem para o meio ambiente, ainda terão economia de combustível e frete”, disse o executivo.
Já o Farmall Elétrico é um trator com 75 cv de potência, emissão zero e características autônomas. Por meio de sensores e câmeras, é possível ativar a máquina pelo celular e ter uma visão 360º que detecta e evita obstáculos.
Conectado, ele envia e recebe informações em tempo real para a ferramenta de monitoramento de frota e gestão agronômica da marca. “Ele une tudo que acreditamos ser o futuro da agricultura, conectividade, autonomia, inteligência artificial e uma matriz energética sustentável.”
DIESEL, COM OLHO EM RENOVÁVEIS
A Fendt apresentará na Agrishow uma nova família de motores a diesel desenvolvida com foco em combustíveis alternativos.
O motor Agco Power Core possui propulsores projetados para serem compatíveis, no futuro, com combustíveis alternativos, como hidrogênio, etanol, metanol e biogás, segundo Rafael Antonio Costa, diretor comercial da Fendt.
“O modelo 700 Vario Gen7 possui o motor Core75, que, como todos os motores Agco Power, pode funcionar com óleo vegetal hidrogenado. Já no diesel, o equipamento se destaca pelo seu excelente torque e baixo consumo de combustível”, disse.
Na Massey Ferguson, os motores utilizados trabalham em baixas rotações e alto torque, o que reduz o consumo de combustível e as emissões de poluentes, segundo o gerente de marketing de produto, Lucas Zanetti.
Ele disse que a fabricante está realizando pesquisas para incluir em seu portfólio máquinas movidas por fontes de energia alternativas, como eletricidade, etanol e biometano, com o objetivo de contribuir ainda mais com o ambiente, mas que também é preciso oferecer um balanço positivo para o produtor em relação a investimentos e custo-benefício.
“Também temos concentrado nossos esforços para redução do consumo de combustível das nossas máquinas, sem comprometer o desempenho, ao oferecer transmissões com troca automática de marchas ou continuamente variáveis, design mais eficiente e incorporação de materiais mais leves e de alta resistência”, disse.
Diretor de marketing produto da Valtra, Fabio Dotto afirmou que a fabricante tem o compromisso de trabalhar para reduzir o consumo de combustíveis dos tratores da marca, sem comprometer o desempenho.
Nos tratores da Série Q5, o motor seleciona automaticamente a velocidade mais econômica, otimizando o consumo de combustível e distribuindo a potência conforme necessário para o sistema hidráulico, a tomada de força ou a transmissão.
NEGÓCIOS A PRAZO
A cooperativa Credicitrus levou para a Agrishow deste ano linhas de produtos e serviços com taxas especiais, incluindo a instalação de sistemas de energia fotovoltaica.
“A fotovoltaica está mais do que nunca sendo procurada. A Credicitrus entrou muito agressiva nessa modalidade e temos feito muitas operações. Partimos com taxa de 1,15% de juros ao mês, parcelando em até 60 meses”, disse o diretor de negócios da cooperativa, Fábio Fernandes.
O Santander também está oferecendo opções para financiamento de energia solar e projetos sustentáveis. Na linha de financiamento Energia+, para casas, empresas ou propriedades rurais, o prazo para pagamento é de até oito anos (96 meses), com 120 dias de carência para pagar a primeira parcela.
A Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação) está em sua 29ª edição. Com 800 marcas presentes, prevê receber cerca de 195 mil visitantes e ao menos repetir o desempenho financeiro em intenções de negócios gerados –R$ 13,7 bilhões em 2023 (valor atualizado pela inflação).

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