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Fonte: O Globo
Entre celulares de última geração e robôs com inteligência artificial, foram os carros do futuro que roubaram a cena no Mobile World Congress, maior evento de telefonia do mundo que aconteceu semana passada em Barcelona. Automóveis com processadores de celular embarcados, veículos operados remotamente e orientados com movimentos programados previamente por meio de um relógio de pulso foram algumas das novidades apresentadas pelas montadoras em parceria com empresas de tecnologia, operadoras e aplicativos de mapas.
E essas novidades tendem a chegar rapidamente ao Brasil. Isso porque, a partir do ano que vem, todos os carros sairão das fábricas já com chips embutidos, permitindo maior interação com celular e tablets, por meio de recursos como localização, monitoramento de combustível e calendário de revisões. A previsão foi feita pela Qualcomm, maior fabricante de processadores do mundo. No evento, a empresa americana fechou parceria global com a alemã Volskwagen. A companhia já tem negócios em andamento com Audi e Peugeot. — A partir de 2018, todos os carros no Brasil já serão inteligentes, pois já sairão de fábrica assim. Nos próximos anos, vamos ver uma diversidade de carros, como os coletivos, os de transporte, os privados, todos conectados — disse Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm para a América Latina.
Segundo as empresas, a primeira fase será a dos carros inteligentes. Em seguida, virão os veículos autônomos, que não contam com motoristas. Para essa segunda onda, a implantação do 5G será essencial, pois vai permitir a criação de uma rede de alta velocidade de conexão móvel sem interferências (a chamada latência) ou queda de sinal. No evento, Elon Musk, presidente-executivo da Tesla, uma fabricante americana de carros inteligentes, brincou que “andar em carros será como andar de elevador”, sem motorista e automatizado. O vice-presidente da Ford, Ken Washington, resumiu bem o que está acontecendo no setor, durante uma coletiva de imprensa no estande da montadora na feira:
— As tecnologias estão passando por uma união. Entre cinco e dez anos, teremos novos serviços. Barcelona é um exemplo de cidade que abraça a tecnologia avançada, assim como São Francisco — disse ele.

VEÍCULO ESTACIONA SOZINHO
A BMW, por exemplo, demonstrou, em parceria com a Intel, o uso de carros sem motoristas que são comandados por meio dos movimentos de um relógio ou pulseira inteligentes. Para isso, criou uma espécie de estacionamento, onde os veículos mudavam de vagas. O objetivo da montadora é transformar o carro em um “dispositivo inteligente”, destacou Dieter May, vicepresidente de serviços digitais da BMW Group. Segundo a Qualcomm, já estão sendo realizados alguns testes em shopping centers da Alemanha, onde os clientes deixarão seus carros e eles vão estacionar sozinhos.
— O carro sem motorista vai começar em ambientes controlados. Assim, o cliente chega no shopping, deixa o carro no estacionamento, que sozinho procura uma vaga. Depois, é só enviar um aviso que o carro te pega — destacou Steinhauser, acrescentando que é preciso ainda legislação para que isso ocorra em vias públicas.
Já a Honda se juntou com a Cisco para oferecer novos serviços a mais de duas dezenas de países. Com a nova plataforma, a companhia consegue oferecer ao motorista informações sobre as condições do veículo e a agenda de manutenção. Conta ainda com sistema de notificação que avisa sobre vagas disponíveis em estacionamentos.
— Os fabricantes de automóveis mais inovadores de hoje estão usando a internet das coisas para fornecer novos serviços que melhorem a experiência de condução para seus clientes — destacou Kalle Ward, diretor para Computação na Nuvem e Internet das Coisas da Cisco para a Europa, Oriente Médio e África.
Cada empresa de tecnologia aposta em nichos específicos da indústria. A Nokia, por exemplo, uniu forças com a Hertz, de aluguel de carros, e a SAP, de tecnologia, para criar novos serviços para o segmento de locação. Segundo as empresas, estão sendo desenvolvidos serviços como integração ao celular, internet sem fio a bordo, informações sobre os destinos e até seleção de aromas. Tudo dentro do carro.
A Ericsson, a espanhola Telefónica, dona da Vivo, o Instituto Real Sueco de Tecnologia (KTH) e a Applus Idiada (de design e engenharia de carros) demonstraram também o uso de um carro dirigido remotamente através de uma rede 5G. O piloto estava no estande da operadora em Barcelona; e o carro, em uma pista de teste, em Tarragona, cidade espanhola a mais de cem quilômetros de distância.
— O 5G representa o próximo nível de experiência e oferece a possibilidade de fornecer serviços de forma mais rápida, flexível e personalizada para aplicações específicas — disse Enrique Blanco, diretor de tecnologia da Telefónica.
A Qualcomm está desenvolvendo chips específicos para os carros. Além disso, também vem criando soluções com câmeras na parte frontal do veículo. Nakul Duggal, vice-presidente da unidade de negócios automotivos, cita a parceria com a empresa de mapas Tom Tom, rival da Google Maps. As imagens captadas pelos carros são transferidas para o aplicativo, que ajusta o sistema de navegação para os usuários.
— O objetivo é prover informação, entretenimento, conectividade e segurança. Há muitas coisas para serem desenvolvidas. O importante é encontrar soluções através de parcerias. Com as câmeras, você consegue detectar pessoas e carros. Com o radar, que vem integrado, é possível calcular a distância com outro veículo e dos prédios. Na rede 5G, todos os carros e prédios conversam entre si. Estamos trabalhando também com o Google em um Android específico para os automóveis — diz Duggal.

SETOR CRIA ASSOCIAÇÃO PARA CARRO CONECTADO
A expectativa em torno do 5G é tão grande que até foi criada a Associação Automotiva 5G (5GAA), que reúne montadoras, fabricantes de equipamentos e teles. Com o novo padrão de tecnologia, prédios e carros — e qualquer outro dispositivo, como postes de energia — vão conservar entre si, com troca de informações diversas, como clima, sinalização e tráfego.
— O objetivo é criar padrões da tecnologia para a indústria e acelerar as soluções de forma a integrá-los às cidades inteligentes — afirmou Pere Mogas, supervisor da Ficosa, uma empresa espanhola de tecnologia.
Mas não são apenas os veículos de passeio que contarão com chips e serviços na nuvem. Lanchas, iates, motos, carros de Fórmula 1 e caminhões também fazem parte da corrida das empresas de tecnologia e telefonia.

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