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Fonte: Valor Online

Norbert Ruecker, analista do Julius Baer: “O cumprimento das cotas [de produção] da Opep é historicamente baixo” O novo ano começou e com ele também se inicia o período em que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outras nações relevantes no mercado internacional prometeram cortar sua produção para impedir a queda dos preços da commodity. Durante a manhã e até o início da tarde de ontem, os investidores apostaram forte nessa possibilidade e o petróleo disparou, mas o ceticismo atingiu o mercado e a cotação fechou o dia em queda. Para o banco alemão Commerzbank é importante acompanhar o volume de barris produzidos já em dezembro para se ter uma ideia se, de fato, o cumprimento do acordo fechado no ano passado será difícil como a maioria dos especialistas acredita. “Claramente, a fé nos cortes de produção que serão implantados pela Opep e por alguns países de fora da Opep é suficiente para mover montanhas”, disse o banco em relatório. “Mas agora essa fé será duramente testada.” O cartel mundial do petróleo e outros produtores significativos, como a Rússia, concordaram em reduzir sua produção em quase 1,8 milhão de barris por dia durante o primeiro semestre deste ano. As operadoras russas, contudo, voltaram a bater recorde de atividade no último mês de 2016, com 11,2 milhões de barris diários. “Duvidamos que os russos cumpram a promessa”, opinou o Commerzbank. Além disso, algumas nações não foram incluídas no acordo. A Líbia é uma delas e atualmente já produz 685 mil barris diários, um patamar que se encontra acima do observado no fim do ano. A ideia do país é atingir 900 mil barris em março, o que, garante o banco alemão, aumenta ainda mais os riscos de um excesso de oferta mais prolongado. Ontem, os especuladores ajudaram a levar o Brent para o patamar de US$ 59, observado pela última vez há um ano e meio, impulsionados pelo início desse período de cortes na produção. Ao fim do dia, contudo, o barril para entrega em abril – segundo contrato – caiu 2,3% na ICE Futures de Londres, para US$ 56,14. Já o WTI para março recuou 2,5% na Nymex, de Nova York, e fechou em US$ 53,29. Para o banco suíço Julius Baer, dificilmente a promessa se cumprirá. Por isso a instituição crê que a sustentação aos preços mais altos é fraca e vai durar pouco. Norbert Ruecker, analista da instituição, opina que o acordo tem pouca chance de trazer um impacto significativo ao mercado internacional de petróleo. “O cumprimento das cotas da Opep é historicamente baixo e uma oferta relevante de países como Líbia e Nigéria é esperada no curto prazo”, escreve o analista. Nigéria também ficou de fora do consenso atingido pelo cartel e outros exportadores. Além disso, uma cotação alta demais anima os produtores do xisto americano a voltarem ao mercado, elevando o excesso de oferta. No Brasil, a Petrobras, que vinha durante o ano passado reagindo mais positivamente à evolução do petróleo - e vice-versa -, não acompanhou a commodity desta vez. As ações ordinárias da empresa subiram 6,4% na BM&FBovespa, para R$ 17,58, e as preferenciais avançaram 5,7%, para R$ 15,50. Mas segundo Marco Saravalle, da XP Investimentos, a tendência é que no longo prazo o comportamento dos papéis siga de perto o petróleo, especialmente pela mudança na política de preços de combustíveis. Em janeiro, o analista vê pouco espaço para novo reajuste - no máximo 2% para a gasolina. Atualmente, os preços internos encontram-se próximos aos praticados no exterior, diz. No mercado, contudo, alguns analistas já falam de possibilidade de aumento em até 8% na gasolina e próximo a 4,5% no diesel. Com a decisão da diretoria de manter a paridade internacional, a correlação entre ação e petróleo subiu. No segundo semestre do ano passado, ela ficou positiva em 45% - ou seja, chance maior de o papel subir ou cair junto com o petróleo. O BB Investimentos acredita que essa taxa deva ainda aumentar. Mas nos últimos meses, o índice ficou negativo em mais de 35%. Para Saravalle, isso se deve à quebra de expectativa do mercado em relação ao Brasil como um todo. "As projeções foram sendo revisadas para baixo e, com a crise política, o ânimo do investidor diminuiu", comenta o analista da XP. "Aqui na corretora conversamos com mesas de operação do exterior e, no geral, quem falava que estava pronto para investir no país agora decidiu esperar mais um pouco. É uma percepção de risco maior, e é difícil isolar a Petrobras do mercado brasileiro. Ela simboliza uma confiança no país."

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