Montadoras não devem seguir a Ford e apostam em um novo ciclo

Saída da Ford indica que montadoras precisam se adaptar
13/01/2021
Preços do petróleo Brent se aproximam de US$ 57 com expectativas de oferta apertada
13/01/2021
Mostrar tudo

Valor Econômico

O anúncio do fim das operações da Ford no Brasil despertou dúvidas em torno da possibilidade de outras montadoras seguirem o mesmo caminho. As recentes confirmações da retomada de programas de investimentos, suspensos no início da pandemia, indicam que grande parte dos fabricantes de veículos pretende apostar num novo ciclo de crescimento do país antes de tomar decisão mais drástica. Ao mesmo, tempo, a iniciativa de uma empresa do porte da Ford inevitavelmente se propaga nas matrizes de todas essas multinacionais e tende a aumentar a pressão para que operações não rentáveis sejam eliminadas.
Entre as grandes montadoras, há casos como o da Volkswagen, que acabou de renovar toda a linha de produtos, ou da Toyota, que em breve anunciará o novo veículo para o qual destinou R$ 1 bilhão. No segmento de caminhões, há vários casos de sucesso, como o da Scania, que transformou a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) em importante plataforma de exportação.
A sinalização dessas empresas revela a intenção de aguardar a retomada econômica para usufruir do mercado brasileiro de veículos, o sexto maior do mundo segundo a última estatística, de 2019.

Mas o fim das operações Ford no país acende um alerta. “A notícia vai ressoar nas diretorias das grandes montadoras”, afirma o professor Glauco Arbix, coordenador do Observatório da Inovação da Universidade de São Paulo. Ele lembra a pressão que os fabricantes de veículo passaram a sofrer ao perceber que “empresas de tecnologia que nunca fizeram carros” já mostraram capacidade de participar desse jogo. “Isso leva as montadoras à necessidade de gigantescos planos de reestruturação”, completa.
Por outro lado, Arbix não acredita que a Ford lidere uma tendência. Ele, que já foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e acompanhou acordos que no passado reuniram empresas do setor automotivo, governo e trabalhadores, estranha o fato de a Ford abandonar um mercado grande como o brasileiro. E cogita até a possibilidade de a montadora americana voltar quando lhe for conveniente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *