Na mira da Raízen, Biosev tem outro trimestre de prejuízo

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Fonte: Valor Econômico

Em meio a negociações que poderão resultar em sua venda à Raízen, a sucroalcooleira Biosev, controlada pela Louis Dreyfus Company (LDC) voltou a acusar o golpe da desvalorização do real, que a levou a mais um trimestre de prejuízo e segurou seu patrimônio líquido no campo tambem negativo. A empresa encerrou o primeiro trimestre da safra 2020/21 com perda de R$ 280,8 milhões, 71% maior que em igual período da temporada passada. O patrimônio líquido ficou negativo em R$ 1,3 bilhão.

Em entrevista ao Valor, o CEO da Biosev, Juan José Blanchard afirmou que as conversas com a Raízen continuam, mas que as negociações são “muito preliminares” e ainda sem acordo vinculante. Ele evitou dar mais detalhes e disse que o “grande foco continua sendo a operação”.

Porém, a disparada do dólar não facilita a posição da Biosev nas negociações, dado que o negócio só deve se destravado se seu endividamento – 91% atrelado à moeda americana – for equacionado com bancos e a ajuda da LDC.

Mesmo que a aquisição não prospere, a companhia terá que reestruturar a dívida, já que R$ 3,3 bilhões vencem na próxima safra – duas vezes mais que seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) na safra passada. Conforme Leonardo D’Elia, diretor financeiro da companhia, as tratativas com os bancos já vinham ocorrendo e continuarão, independentemente de um acordo com a Raízen.

Ele ressaltou que a renegociação de dois anos atrás deu fôlego para que a Biosev melhorasse seu desempenho operacional, o que facilita a posição da empresa nas conversas com os bancos. No primeiro trimestre de 2020/21, o resultado operacional foi positivo em R$ 186,5 milhões, ante resultado negativo no mesmo período da safra passada.

Embora a Biosev tenha elevado as exportações de açúcar e etanol para aproveitar o câmbio favorável, o dólar alto gerou um impacto forte nas despesas financeiras da empresa e inflou os custos com canaviais.

Apenas o impacto contábil sobre o resultado financeiro, sem efeito caixa, foi de R$ 383 milhões, e a dívida líquida saltou 36%, a R$ 7,3 bilhões. Para minimizar esse impacto, a Biosev vem há alguns meses realizando hedge de câmbio para essa parcela. Até o fim de junho, essas operações alcançavam US$ 252,5 milhões, 4% da dívida em dólar.

No lado comercial, o fortalecimento das exportações de açúcar e etanol rendeu frutos e aumentou a receita líquida em 53%, para R$ 2,7 bilhões, com um Ebitda ajustado de R$ 321 milhões, 10% maior. Com uma produção de açúcar maximizada e mais cana processada no trimestre, a Biosev mais que duplicou os embarques da commodity.

Em etanol, as vendas no país despencaram com a pandemia, mas cresceram as exportações de álcool para fins sanitários, contra o coronavírus. Os estoques no país estão mais altos e a empresa avalia que os preços subirão na entressafra, disse Dorothea Soule, diretora comercial.

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