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Fonte: O Estado de São Paulo
Depois de uma negociação de meses, representantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) chegaram a um acordo para diminuir a produção da commodity. Trata-se do primeiro corte desde 2008, quando a crise financeira mundial derrubou a demanda por petróleo. Além de ser uma tentativa de elevar o preço do produto, a medida busca resgatar um pouco da antiga influência da Opep num mercado dominado cada vez mais pelos Estados Unidos e a Rússia.
Os países da Opep decidiram cortar a produção em 1,2 milhão de barris por dia (bpd), para 32,5 milhões de bpd, o que representa 1,0% da produção global. O maior corte deverá ser feito pela Arábia Saudita, com uma redução de 486 mil bpd. Depois vêm Iraque (210 mil bpd), Emirados Árabes (139 mil bpd), Kuwait (131 mil bpd), Catar (30 mil bpd), Venezuela (95 mil bpd), Argélia (50 mil bpd), Equador (26 mil bpd), Angola (87 mil bpd) e Gabão (9 mil bpd).
Segundo a Opep, outros países produtores de petróleo, não membros do cartel, também concordaram em cortar a produção, a partir de janeiro de 2017, em 600 mil bpd. A Rússia deverá ser responsável por metade dessa redução.
No acordo da Opep, Líbia e Nigéria ficaram isentas de reduzir sua produção. Outra exceção prevista na negociação foi o Irã, que recebeu permissão para elevar a produção para 3,9 milhões de bpd, como forma de compensação pela perda de fatia de mercado após anos de sanções comerciais do Ocidente em razão de suas atividades nucleares. O ministro do petróleo do Irã, Bijan Zanganeh, garantiu, no entanto, a disposição do país em restringir a produção no início de 2017.
Os países-membros da Opep esperam que o corte na produção mantenha os preços entre US$ 55 e US$ 60 por barril. Consideram essa faixa de valor um patamar satisfatório, principalmente para as economias de países muito dependentes das receitas de exportação do petróleo, como Angola, Venezuela e Nigéria, que sofreram especialmente com os preços baixos dos últimos anos.
O anúncio da medida teve imediatas repercussões no mercado. O petróleo Brent para fevereiro avançou 9,55%, a US$ 51,84 por barril, na ICE. Já o petróleo WTI para janeiro na Nymex teve ganho de 9,30%, a US$ 49,44 por barril, a maior alta diária em nove meses. Na Bolsa brasileira, os papéis ON (com direito a voto) da Petrobrás, fecharam em alta de 10,60%. Já as ações PN (preferência por dividendos) avançaram 9,14%.
Diante do histórico de descumprimento dos acordos da Opep, os países também concordaram com a utilização de fontes independentes para determinar a produção de cada um. Kuwait, Venezuela e Argélia ficaram encarregados de monitorar a aderência dos membros do cartel ao acordo. Em 6 meses deverá ser realizado novo encontro da Opep, para avaliar os efeitos do corte.
O acordo introduz mudança significativa na política da Opep. Interessada na queda nos preços do petróleo, como forma de prejudicar produtores que têm custos de extração maiores que os da Arábia Saudita e Irã – por exemplo, os produtores de xisto nos Estados Unidos –, a organização não vinha pondo maiores restrições à produção. No entanto, os preços caíram mais do que haviam previsto – com barril a menos de US$ 30 –, levando os países à mudança de política.
No curto prazo, a medida da Opep contribui para equilibrar a produção de petróleo e a demanda nos postos, que receberam nos últimos dois anos um forte excedente em razão do aumento da produção norte-americana. Espera-se também que a redução da produção e o aumento do preço proporcionem uma redução do atual volume recorde de petróleo armazenado em tanques em todo o mundo.
Se o acordo da Opep significa um alívio imediato aos produtores americanos, já que eleva o preço da commodity, ele também é sinal de que o atual cenário é capaz de levar a Arábia Saudita a se entender com rivais históricos, como Iraque e Irã. O famoso cartel não desistiu de dar as cartas.

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