Países de fora da Opep concordam em cortar a produção

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Fonte: Valor Online

A Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) conseguiu a adesão dos países que não fazem parte do cartel, para o primeiro corte de produção de petróleo desde 2001, superando o grande obstáculo final ao acordo global para a restrição da produção.
A Rússia, o maior exportador de petróleo fora do bloco, juntamente com dez outros países como o México, Omã e Azerbaijão, concordaram no sábado em reduzir a produção em 558 mil barris ao dia. O acordo firmado em Viena visa acelerar o fim da maior crise do petróleo em uma geração, com a eliminação do excesso de oferta e aumento dos preços, proporcionando algum alívio às nações ricas em petróleo, cujas economias sofreram um grande abalo. "O acordo de hoje [sábado] vai acelerar a estabilização dos mercados", disse Alexander Novak, ministro da Energia da Rússia. Na semana passada, o governo russo comprometeu-se em reduzir sua produção atual de mais de 11 milhões de barris ao dia (recorde na era pós-soviética) em 300 mil barris.
Os preços subiram 15% desde 30 de novembro, quando os 11 países da Opep, liderados pelo maior produtor do grupo, a Arábia Saudita, acertaram corte na produção de mais de 1 milhão de barris ao dia. Khalid Al Falih, ministro da Energia do país, disse no sábado esperar que o acordo possa ajudar a criar um novo modelo de gerenciamento para um mercado de petróleo "frágil". A Arábia Saudita, que na semana passada concordou em reduzir sua produção para pouco mais de 10 milhões de barris diários, poderá realizar corte maior que o acertado, segundo acrescentou Falih. O reino afirmou que o acordo fechado pela Opep - visando levar a produção do grupo para 32,5 milhões de barris ao dia - estava sujeito à participação dos países não pertencentes, especialmente a Rússia. "A garantia da participação plena dos países que não pertencem à Opep ao acordo firmado em Viena é uma vitória para a Opep e especialmente para a Arábia Saudita, que há muito insistia que o fardo dos cortes de produção precisava ser dividido", disse Jason Bordoff do Centro de Políticas Energéticas Globais da Universidade Columbia. Moscou disse que seu envolvimento está baseado na observação da Opep aos cortes. "É muito significativo ter um acordo das duas potências que são a Rússia e a Arábia Saudita.
Uma nova dinâmica geopolítica está sendo criada e poderá ser transformadora para os mercados de petróleo", disse Olivier Jakob da consultoria Petromatrix. Uma comissão foi criada para monitorar os cortes de produção, que começam em 1º de janeiro e valerão por seis meses, mas analistas do setor dizem que historicamente é raro produtores da Opep ou a Rússia cumprirem integralmente com suas partes nos acordos. Mesmo assim, diz Abhishek Deshpande da Natixis: "Há poucas dúvidas, mesmo que aja uma adesão limitada, de que a ação desses países deverá ajudar a equilibrar os mercados em 2017, do que de outra forma poderia se esperar". "É uma reunião histórica", disse o secretário-geral da Opep Mohammed Barkindo antes do encontro de sábado. O petróleo do tipo Brent, a referência global, fechou em alta de 38 centavos o barril na sexta-feira, em US$ 54,33. Isso é um grande aumento em relação a US$ 46 o barril, que foi o preço no último mês antes da reunião, mas ainda assim é menos da metade do nível do pico de US$ 115 registrado na metade de 2014. O setor vai observar de perto para ver se o aumento dos preços revitalizará a indústria do xisto nos Estados Unidos, que foi alvo da OPEP e outros produtores de altos custos há dois anos, quando ela decidiu remover as restrições à produção.
Delegados da Opep disseram antes da reunião esperar um compromisso dos países não pertencentes ao cartel com a meta de 600 mil barris diários e que ela se daria na forma de cortes na produção e reduções naturais. Mohammed Bin Saleh Al-Sada, ministro da Energia do Qatar e presidente da Opep, disse antes do encontro ministerial: "Há um consenso crescente entre os produtores de que o processo de recuperação do mercado está demorando demais, com consequências graves".

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