Petrobras deve fazer aumentos escalonados no preço da gasolina e do diesel

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Com a defasagem no preço da gasolina e do diesel em relação ao mercado internacional, a Petrobras deve anunciar novo reajuste. Mas os aumentos, segundo analistas, podem ser escalonados, com a empresa acompanhando as movimentações e as tendências de preços no exterior. O último aumento da estatal ocorreu há quase um mês, no dia 12 de janeiro.
“Com certeza, a Petrobras não pode absorver prejuízo com precificação internacional. Deve acontecer reajustes sim, mas espaçados. Há uma expectativa de que o preço do petróleo atinja US$ 100 por barril, mas é preciso que isso se confirme antes de anunciar qualquer aumento”, diz o analista da Mirae Asset, Pedro Galdi.
Segundo ele, “alguns eventos imprevisíveis podem acontecer e arrefecer o preço internacional”. Então, a melhor forma seria aguardar o momento oportuno para lançar novo reajuste de preços. Procurada, a Petrobras informa que não antecipa informações sobre reajustes, divulgadas cerca de 24h antes de entrarem em vigor.
No aumento de janeiro, o preço médio de venda da gasolina da Petrobras a distribuidoras passou de R$ 3,09 para R$ 3,24 por litro. Para o diesel, o preço médio de venda da estatal para as distribuidoras passou de R$ 3,34 para R$ 3,61 por litro.
Segundo a companhia, os aumentos anteriores haviam ocorrido em 26 de outubro de 2021 e os preços praticados pela Petrobras para a gasolina haviam sido reduzidos em R$ 0,10 o litro em 15 de dezembro, e permanecido estáveis para o diesel.
Ainda de acordo com a empresa, esses ajustes são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras.
Na ocasião, a Petrobras fez questão de reiterar seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, acompanhando as variações para cima e para baixo, “ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos, de volatilidade externa e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”.
Na sexta-feira, o presidente da companhia, general Joaquim Silva e Luna, reafirmou que a estatal precisa acompanhar o preço de paridade de importação para não dar prejuízo como no passado, e que não pode fazer política pública segurando os preços. Ele afirmou também que a Petrobras faz reajustes quando observa mudanças estruturais, e não conjunturais.
Defasagem de 12%
Segundo a Associação Brasileiras dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem dos preços praticados pela Petrobras no mercado interno já atinge 12%. Para equiparar os preços ao mercado externo, segundo a Abicom, a Petrobras deveria elevar em média o litro da gasolina em R$ 0,45 e do diesel e R$ 0,50.
“Com a alta no câmbio e nos preços da gasolina e do óleo diesel no mercado internacional, o preço médio da gasolina e do óleo diesel no Brasil operam com diferenciais negativos em todos os portos analisados”, informa a Abicom.
Para o analista Renan Sujii, que presta serviços ao setor, é muito difícil que o reajuste seja feito de uma só vez. “Isso geraria desconforto grande para o governo, que já vem sofrendo perda de popularidade e pressão não apenas dos consumidores mas também dos caminhoneiros”, afirma.
De acordo com Sujii, a recente queda do dólar ajuda a diminuir um pouco a defasagem do preço do combustível no Brasil. O problema, segundo ele, é que o preço do petróleo tem sido pressionado no mercado internacional com a iminência de uma guerra entre Rússia e Ucrânia e a possibilidade de redução da oferta da commodity.
“Existe também a PEC dos combustíveis que está no Congresso e vem tendo diferentes desenhos, com risco fiscal. Assim, não consigo enxergar no curto prazo um ajuste de 12% de uma vez só. Os aumentos devem ser feitos de maneira gradual, com atraso em relação ao mercado externo”, diz.
Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, afirma que o preço do petróleo subiu muito nos últimos tempos, mas os reajustes não foram vistos na bomba. Para ele, a queda do dólar ajudou a compensar em parte o aumento no preço dos combustíveis, “sorte que pode não voltar a ocorrer”.
“A forte alta do petróleo, que chegou a bater US$ 90, foi um movimento que não chegou a ser embutido nos preços. Então, existe espaço para repasse”, diz Arbetman.

(Agência Estado)

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