Petrobras: escolha de presidente do conselho teve disputa entre Silveira e Haddad

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O Globo Online

A disputa entre as alas do governo Lula que dividem o poder no Conselho de Administração da Petrobras teve um capítulo tenso nos bastidores na véspera da assembleia de acionistas que elegeu os novos conselheiros da empresa, na última quinta-feira (25).

No foco da tensão, a escolha do presidente do conselho, que opôs o grupo do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do CEO da companhia, Jean Paul Prates.

De acordo com fontes da Petrobras que acompanharam o desenrolar da situação, Silveira tinha indicado para a recondução o seu secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Pietro Mendes, que é o atual presidente, mas foi alertado na quarta-feira (24) que os documentos internos com a orientação de voto que tramitavam na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional continham uma proposta diferente.

De acordo com a informação que chegou a Silveira, na versão que estava prestes a ser encaminhada à Petrobras, o presidente por indicação do governo seria o secretário-executivo adjunto de Fernando Haddad, Rafael Dubeux, que entrou por último na lista de conselheiros indicados pelo governo. Na Fazenda, Dubeux é quem cuida dos projetos ligados à transição energética.

Desde que a crise entre Silveira e Jean Paul Prates começou, no início de março, o CEO da Petrobras vinha tentando tirar Mendes do posto e até mesmo do conselho, uma vez que já tiveram diversos atritos nas discussões sobre o rumo da empresa.

O último conflito se deu em torno dos dividendos extraordinários – Prates e a diretoria da Petrobras defendiam pagar 50% dos recursos, enquanto Mendes era contra qualquer pagamento, alegando risco para o plano de investimentos.

Mendes participou das reuniões em que Lula bateu o martelo e decidiu mandar reter os recursos.

A decisão foi revertida nas últimas semanas por conta de uma articulação comandada por Fernando Haddad. O ministro defendia o pagamento, entre outras razões, para compensar perdas de arrecadação da União, que receberá R$ 6 bilhões.

Cabe ao Ministério da Fazenda encaminhar à assembleia de acionistas a proposta da União, que detém 37% dos votos e controla as decisões da companhia.

Ao ser informado de que sua recomendação de voto estava sendo modificada e seu indicado não estava nela como futuro presidente do conselho, Silveira procurou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, seu aliado no governo para os assuntos da Petrobras.

Estava bastante irritado e pedindo providências.

Àquela altura, o corpo diretivo da Petrobras já dava como certo nos bastidores que Mendes perderia a presidência do conselho.

Foi quando o ministro de Minas e Energia e o da Casa Civil telefonaram para o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durighan, e pediram para ver a recomendação de voto.

Faltavam poucas horas para o início da assembleia, mas Durighan disse que Haddad ainda não havia batido o martelo sobre o conteúdo do voto, o que deixou Silveira ainda mais nervoso, exigindo ver o documento.

Procurados, nem o ministro Silveira nem o secretário-executivo Durigan quiseram comentar o episódio.

Ao final de meia hora veio o papel com o nome de Mendes na presidência do conselho. A articulação para tirá-lo do comando do colegiado estava sepultada. Mas por esse começo já dá para supor que a disputa no governo pelo poder na Petrobras ainda promete bastante confusão.

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