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Valor Econômico

Depois do choque de preços de 2020, desencadeado pelo colapso da demanda em meio à pandemia, o petróleo fechou o primeiro semestre com forte recuperação, cotado, em média, a US$ 64,80. O barril subiu 51,3% em relação aos seis primeiros meses do ano passado, sustentado pelos sinais de melhora do consumo à medida que a vacinação avança pelo mundo. A continuidade da trajetória de alta dos preços, daqui para frente, vai depender de fatores como o comportamento das variantes da covid-19 e de como os membros e aliados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (a Opep+) se posicionarão no segundo semestre do ano.

O barril do tipo Brent rompeu, em junho, a barreira dos US$ 70 e atingiu o pico de US$ 76 no dia 25 – a cotação mais alta do petróleo desde outubro de 2018. O otimismo com a recuperação econômica nos Estados Unidos, traduzido nas quedas consecutivas dos estoques, tem dado suporte à escalada recente da commodity.

A recuperação dos preços tem impacto direto no humor das petroleiras, que começam, aos poucos, a ganhar confiança para avançar com novos projetos. No Brasil, em junho a Petrobras, Equinor e a Karoon anunciaram investimentos de cerca de US$ 10,5 bilhões para os próximos anos.

A percepção, no mercado, é de que o consumo está se recuperando mais rápido do que a oferta. O Goldman Sachs, por exemplo, estima que o déficit atual no mercado é da ordem de 2,3 milhões de barris diários. O banco prevê aumento de mais 2,2 milhões de barris por dia no consumo global antes do fim do ano, o que pode ampliar esse déficit para cerca de 5 mil barris/dia – volume acima do que o Irã e os produtores americanos de “shale gas” podem cobrir.

Em junho, o Goldman estimou que o barril do tipo Brent pode atingir os US$ 80 no atual verão no Hemisfério Norte, período em que há um aumento sazonal do consumo na maioria dos países desenvolvidos.

Em meio às perspectivas de déficit, o mercado volta suas atenções para a reunião de hoje dos membros da Opep+, que vai discutir os novos níveis de produção para os próximos meses.

“Embora a necessidade de maior produção Opep+ em agosto seja clara, permanece a incerteza sobre a magnitude deste próximo aumento na produção”, cita o Goldman, em relatório desta semana sobre o assunto.

O banco destaca que a nova onda de infecção de covid-19 pode desacelerar o reequilíbrio do mercado. Já a OPEP + deve “permanecer tática em seus aumentos de produção”.

O grupo concordou, em abril de 2020, em cortar a produção em cerca de 10 milhões de barris/dia, em reação ao colapso no consumo gerado pela pandemia. O grupo vem gradativamente flexibilizando os cortes. O Goldman Sachs estima que a organização decidirá, nesta semana, por um novo aumento de 500 mil barris/dia na produção.

O líder global de analítica da S&P Global Platts, Chris Midgley, acredita que a Arábia Saudita deve manter a cautela, enquanto aguarda as negociações nucleares entre Irã e EUA – que podem desencadear um aumento das exportações iranianas. A S&P Global Platts destaca que, com o Brent na faixa de US$ 70, o aumento esperado de 500 mil barris/dia na oferta da Opep+ pode causar um “superaquecimento do mercado”, por não ser suficiente para atender ao pico de demanda do verão.

Independentemente do que a Opep+ decida, é inegável que o mercado se encontra, hoje, em uma situação bem menos estressante do que a de 2020. O relatório mais atualizado da Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês), de junho, prevê o Brent a US$ 68 no terceiro trimestre.

Para 2022, a expectativa é de queda, para US$ 60, frente ao aumento gradual da produção global – patamar, ainda assim, superior à média de US$ 43 o barril do ano passado.

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