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19/05/2021
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UDOP

Na semana passada, a Fecombustíveis (associação de postos de combustíveis e revenda) divulgou um ofício enviado ao Ministério de Minas e Energia (MME) e Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) pedindo redução do percentual da mistura do etanol anidro à gasolina para 18%.

Hoje a adição é de 27%.

Para agentes do setor, o pedido é uma tentativa de copiar o que aconteceu no biodiesel e “passar a boiada” também no etanol.

“De fato nós estamos vendo preços históricos, batendo recordes nominais do etanol anidro. Porém, isto não deve ser usado como único argumento para a solicitação de redução da mistura”, diz Haroldo Torres, economista e professor do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (Pecege) da Esalq/USP.

O economista destaca que este tipo de recuo representa perda de previsibilidade e de garantia das políticas públicas e acaba por favorecer os combustíveis fósseis.

“O mundo está caminhando para uma economia de baixo carbono e nós não podemos ficar toda vez ao sabor de movimentos de mercados, garantindo o mercado para os fósseis e desprezando as externalidades positivas dos biocombustíveis”, argumenta.

Preço do anidro

O preço do etanol hidratado e do anidro depende também do valor da gasolina e das condições de estoque, isto é, do nível de oferta do produto, explica Haroldo.

Segundo o economista, o estoque de etanol anidro até 1º de maio estava em pouco mais de 648 mil metros cúbicos, valor superior aos 562 mil m³ do mesmo período da safra 2019/2020.

“Ou seja, em outros momentos na safra 2019/2020, na safra 2017/2018 e na safra 2014/2015 nós enfrentamos níveis de estoque do etanol anidro abaixo do que está sendo verificado hoje”.

Para ele, ainda que a previsão para a região Centro-Sul no Brasil — principal cinturão canavieiro — seja de redução da produção em função do clima, isso não vai significar necessariamente um desabastecimento.

Questionada sobre o ofício da Fecombustíveis, o MME respondeu via assessoria que “acompanha o mercado de etanol na mesa de abastecimento que reúne MAPA, EPE, ANP, produtores, importadores, refinarias, distribuidores e revendedores. Nesse acompanhamento, não foi identificada necessidade de reduzir o teor de etanol anidro na gasolina C”.

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