AIE elogia maior abertura na exploração do pré-sal

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Fonte: Valor Online

Fatih Birol: “A qualidade dos recursos petrolíferos brasileiros é muito boa” As reformas adotadas pelo governo de Michel Temer no setor de petróleo e gás, como o fim da participação obrigatória da Petrobras nos campos do pré-sal e mudanças na política de conteúdo local, receberam elogios da Agência Internacional de Energia (AIE). “São excelentes decisões e eu espero que sua implementação vá adiante sem grandes desafios", afirmou ao Valor o diretor-geral da entidade, Fatih Birol, em entrevista telefônica. Birol, economista turco que há 14 meses comanda a agência sediada em Paris, fala de seus contatos com governos e multinacionais do petróleo para balizar sua avaliação. "Há uma coisa com que todos concordam: a qualidade dos recursos petrolíferos brasileiros é muito boa. O que precisamos é de investimentos para transformar esses recursos em produção. Os recentes movimento do [novo] governo apontam para essa direção", comentou. Lançado ontem, o principal relatório anual da AIE indica o Brasil como fonte do maior crescimento da produção de óleo bruto, nos próximos 25 anos, entre aqueles países que não fazem parte da Opep, o cartel das nações exportadoras do insumo. De acordo com o Panorama Energético Mundial, a produção brasileira aumentará dos atuais 2,6 milhões de barris para 5,1 milhões em 2040. Quem mais segue de perto esse crescimento é o Canadá. Os Estados Unidos têm um pico de expansão nos próximos dez anos, mas vão enfrentar uma queda no prazo mais longo. A Operação Lava-Jato é citada no relatório, junto com o alto endividamento e as cotações internacionais mais baixas, como um dos motivos para a redução dos investimentos da Petrobras. A dívida da estatal alcança US$ 130 bilhões, segundo o relatório, que compara esse indicador com o endividamento de US$ 40 bilhões da ExxonMobil - maior petroleira do mundo listada em Bolsa. Para a AIE, no longo prazo, as mudanças em andamento e a recuperação dos preços devem garantir o aumento da produção no Brasil. A agência lembra que o pico de produção em áreas do pré-sal ocorre em torno de dez anos após o início das extrações. O relatório divulgado ontem apresenta uma análise detalhada dos compromissos assumidos no Acordo de Paris, firmado por quase 200 países, que busca mitigar o aquecimento global e entrou em vigência neste mês. Apesar dos esforços, segundo a AIE, o consumo global de petróleo não vai diminuir antes de 2040 e subirá dos atuais 92,5 milhões de barris por dia para 103,5 milhões no fim desse período. O cenário "central" da agência prevê que a Índia se torne a grande locomotiva de expansão do consumo e que a China ultrapasse os EUA como maior consumidor mundial. Se esforços adicionais não forem feitos, não haverá forma de limitar o aumento da temperatura em até 2 °C sobre os níveis pré-industriais, até 2100.

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