BR Distribuidora pode vender fábricas de asfalto e imóveis

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Fonte: O Globo

Após perder mercado nos últimos anos, a Petrobras Distribuidora (BR), líder no mercado de distribuição de combustíveis, prepara seu contra-ataque. A subsidiária da Petrobras vai aumentar em 20% os investimentos entre 2017 e 2021, atingindo R$ 2,5 bilhões. O presidente da BR, Ivan de Sá, no cargo desde setembro, disse que abrirá mais de 1.800 postos. Hoje, são oito mil. Com isso, estima elevar sua participação no mercado dos atuais 31,3% para 34,6%.
A companhia planeja vender ativos, como fábricas de asfalto e imóveis, para reduzir o endividamento. O executivo diz ainda que espera ter uma solução nesta semana para as negociações das dívidas do governo do estado com a empresa.
Como a BR está se preparando para receber um novo sócio?
Estamos tomando medidas de adequação para qualquer que seja o controlador acionário, como adequar os custos às necessidades. São ações no sentido de aumentar o volume de vendas e a rentabilidade do negócio.
Como a empresa pretende cumprir a meta de reduzir o endividamento de 2,8 vezes para 2 vezes (a dívida líquida sobre a geração de caixa)?
Temos uma geração de caixa bastante robusta. Existem alguns planos no sentido de venda de alguns ativos, até mesmo imóveis que não estão sendo utilizados, venda de terrenos de postos, que a gente acha melhor vender do que manter a operação.
Que tipo de ativos poderia vender?
Temos alguns negócios, como fábricas de asfalto, que podem vir a ter um desinvestimento. Temos fábricas espalhadas pelo Brasil e a parte comercial envolvida.
Qual a meta de venda de ativos?
A gente não tem uma meta, até porque já estamos próximos da redução da meta de endividamento.
Qual a meta de investimentos no plano de negócios 2017-2021 da BR?
Temos investimentos previstos de R$ 2,5 bilhões, um aumento de 20% em relação ao plano anterior. Os investimentos estão voltados para o aumento da rede de postos, que é o principal destino dos recursos. Nossa meta é um crescimento de 1.800 postos ao longo do plano, com aumento das lojas de conveniência. Além disso, há a adequação de bases e modernização.
Qual é o foco da BR até 2021?
O nosso planejamento estratégico até 2021 tem três pilares: redução do endividamento (de 2,8 vezes para 2 vezes), melhoria nos indicadores de segurança e rentabilidade. Ou seja, aumentar o resultado econômico das operações.
Como está a busca de sócios?
É um processo conduzido pela Petrobras. Estamos envolvidos em levantar os dados necessários. E mais à frente teremos uma apresentação da companhia aos interessados. É uma decisão natural da holding ver possibilidade de rentabilidade de seus ativos ou troca de fluxo de caixa futuro por um pagamento mais antecipado. O nosso foco é no dia a dia e na execução do plano que foi desenhado.
A BR passou de uma fatia de 36,9% do mercado, em 2009, para 31,3%. Por que está perdendo mercado?
A BR não atende apenas postos. Há indústrias, companhias aéreas e setores que sofreram mais com a situação econômica do Brasil. O setor de transporte apresentou resultado negativo, mas outros setores, como o industrial, sofreram mais.
Com o plano de investimento, a empresa pretende aumentar sua participação de mercado?
Com a queda do consumo da área industrial o market share caiu. Agora, estamos falando em uma subida, de 31,3% para 34,6%.
‘Existe alguns planos no sentido de venda de ativos, até mesmo imóveis que não estão sendo utilizados, venda de terrenos de postos’
- Ivan de Sá Presidente da BR Distribuidora
A política de preços da Petrobras pode afetar o caixa da BR?
Nosso preço é uma relação individual entre a BR e o revendedor. Em relação à geração de caixa, não acredito que teremos impacto no longo prazo, porque os movimentos de subida e de queda de preço vão tender a caminhar para um valor que não vai impactar.
A empresa vai repassar para o revendedor a redução do preço do combustível na refinaria?
A gente vem negociando com os revendedores. Tem sim possibilidade de repasse. É uma negociação caso a caso.
Quais os desafios da companhia?
É um mercado muito competitivo. A gente compete dia a dia por vendas. Nosso programa de aumento de vendas é desafiador até mesmo no cenário econômico que ainda não apresenta a recuperação esperada.
No caso de um futuro sócio, a marca BR pode mudar?
Creio que não. É uma marca muito forte para que um sócio queira abrir mão dela. Ao contrário. É um ativo. A marca, para a gente, é muito importante em relação à questão da qualidade e do atendimento. Por isso, estamos trabalhando a comunicação mais forte da marca BR. E não só a BR, temos ainda a Lubrax, a gasolina Grid, a BR Mania. Há portfólio de marcas valiosos. É preciso um trabalho de comunicação eficiente. É onde se percebe o valor. O Premmia, (programa) de fidelização, já conta com mais de dez milhões de clientes ativos.
Como está a dívida do governo do Estado do Rio com a empresa?
A BR vem mantendo negociações com o governo do estado para encontrar uma solução que atenda ao governo e à BR. Esperamos ter uma solução nesta semana.
Como está o plano de demissão voluntária na empresa?
Lançamos o plano há menos de um mês. Os interessados estão se inscrevendo. Esse processo de inscrição vai até o fim do ano. É um plano voluntário. Não tem meta. Vamos analisar o que tiver de inscrição. O programa vem tendo bom desempenho. Hoje, temos 3.766 empregados ativos. Já tivemos planos em 2014 e 2015. Isso faz parte da companhia.
O que a BR tem feito para evitar novos casos de corrupção como os revelados pela Operação Lava-Jato?
A BR acabou de passar por um processo de planejamento estratégico, no qual definiu metas para 2017-2021, e um dos pilares é o fortalecimento da conformidade.
Que tipo de medidas são essas?
Criamos um programa de prevenção da corrupção, com uma estrutura independente de governança, gerenciamento de risco e conformidade diretamente ligado ao conselho de administração. Temos ainda o canal de denúncia, além da estruturação de comissões internas de apuração.
‘A BR vem mantendo negociações com o governo do estado. Esperamos ter uma solução nesta semana’
- Ivan Sá Presidente da BR Distribuidora
Quantas auditorias estão em andamento na BR?
A BR também teve mudança de estatuto (como a Petrobras). A gente já chegou a ter 20 apurações em andamento, hoje tem cinco. Mas temos uma força-tarefa para que, até o fim do ano, haja o equacionamento.
Qual o resultado até agora?
Cada caso teve sua consequência adequada, passando por avaliações da área jurídica, sob o ponto de vista do código de ética e questões legais. Não tenho um valor a informar, mas tiveram consequências.
O que foi decidido sobre a ampliação da fábrica de lubrificantes em Duque de Caxias (com suspeitas de superfaturamento)?
A fábrica está no processo de ser submetida ao comitê estratégico. Os números estão mostrando robustez para que ela seja continuada. Mas o assunto está passando pela governança da companhia e pelo comitê de administração. O Plano de Negócios inclui a conclusão das obras.

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