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Fonte: Valor Online

Com o câmbio mais alto, os reajustes de combustíveis devem ter pressionado a inflação na primeira quinzena de setembro, avaliam economistas. Mesmo assim, a expectativa é que, na média, os preços tenham acelerado pouco no período, contidos pela queda prevista para os alimentos. Por isso, a estimativa média de 32 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) subiu 0,17% neste mês, pouco acima do 0,13% verificado em agosto.
As projeções para a prévia da inflação oficial, que será divulgada hoje pelo IBGE, vão de alta de 0,09% até 0,27%. Se confirmadas as previsões, a inflação acumulada em 12 meses passou de 4,30% em agosto para 4,35%.
“Há uma pressão forte sobre os combustíveis que deve ser maior ainda no índice fechado do mês”. diz Breno Martins, economista da Mongeral Aegon Investimentos. Apenas em setembro, a Petrobras concedeu três reajustes da gasolina nas refinarias, seguindo a alta do dólar e do petróleo no mercado internacional. No fim de agosto, o diesel foi elevado em 13% aos distribuidores, mas este combustível tem peso pouco relevante no IPCA.
Em razão das correções na gasolina, Martins estima que o item aumentou 0,30% na prévia de setembro, depois de ter recuado 1,45% no mês anterior. O grupo transportes, por sua vez, deixou retração de 0,87% em agosto e avançou 0,42% agora, acrescenta, pressionado também pelas passagens aéreas, que subiram cerca de 18% em seus cálculos.
Mesmo com a aceleração maior na parte de transportes, a Mongeral espera que o IPCA-15 tenha avançado pouco em relação a agosto, com alta de 0,17%. Isso porque o grupo alimentação e bebidas, responsável por quase 25% do índice, deve ter registrado deflação de 0,40%, influenciado principalmente pelos alimentos no domicílio, que caíram 0,80%. Segundo Martins, os itens in natura e proteínas já reduziram suas quedas e caminham para uma trajetória de normalização, mas ainda se mantiveram no patamar negativo nas duas primeiras semanas de setembro.
Para a equipe econômica do Santander, a prévia de setembro avançou para 0,19%, alta explicada pelo aumento nos preços de combustíveis, passagens aéreas e vestuário. "Apesar disso, os núcleos devem seguir apontando para uma inflação menor que 4% no final do ano - projetamos alta de 3,9% para o IPCA em dezembro de 2018", afirmam os economistas do banco em relatório.
Nos cálculos da LCA Consultores, o IPCA-15 subiu 0,22% no mês atual. Além do avanço esperado para o grupo de transportes, a consultoria menciona que a parte de artigos de residência deve acelerar de 0,54% para 0,60%, com taxas maiores em itens como mobiliário, cama, mesa e banho e TV, som e informática. Há, ainda, a expectativa de que, por razões sazonais, os artigos de vestuário subam 0,34% agora, após deflação de 0,39% em agosto.
Até o momento, a inflação permanece ancorada, diz Eduardo Velho, sócio e economista da GO Associados, mas o impacto do dólar sobre os preços não pode ser relativizado, a despeito do grau ainda elevado de ociosidade no mercado de trabalho. "Temos um componente deflacionário pelo lado da demanda e a de custos em alta pelo lado da oferta", diz Velho, para quem o IPCA-15 ficou em 0,20% em setembro, o equivalente a 4,39% no acumulado em 12 meses.
O sócio da GO destaca, ainda, que as projeções para alta dos Índices Gerais de Preços (IGPs), da Fundação Getulio Vargas (FGV), já estão ao redor de 9% para este ano, refletindo a inflação de dois dígitos no atacado. "O repasse [ao varejo] por enquanto tem sido limitado, mas ocorrerá de forma mais ampla no setores, à medida que o crescimento econômico ganhar tração", disse. Incorporando a maior pressão do câmbio em seus cálculos, a consultoria revisou de 4,17% para 4,46% a projeção para o aumento do IPCA em 2018.

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