Em reunião para discutir redução do diesel, donos de postos de combustíveis relatam dificuldades

Fonte: Acorda Cidade / Ba

Representantes de órgãos fiscalizadores, do sindicombustíveis e donos de postos de combustíveis participaram do evento.

Uma reunião para discutir os repasses na redução do diesel e também as fiscalizações que estão sendo realizadas nos postos da Bahia, foi realizada nesta sexta-feira (15) em Feira de Santana. Representantes de órgãos fiscalizadores, do sindicombustíveis e donos de postos de combustíveis participaram do evento.

O superintente do Procon Bahia, Filipe Vieira, observou que alguns postos de combustíveis estão tendo dificuldades de chegar até aos 46 centavos de desconto no valor do diesel, proposto pelo Governo Federal. Ele ainda disse que o próprio Governo Federal não concluiu ao certo se seria 46 ou 41 centavos de desconto.

“Na fiscalização a gente tem observado o momento em que esse diesel foi comprado, se antes, durante ou depois do movimento dos caminhoneiros. Também observamos a composição do diesel que foi comprado e o valor de venda. Esses três elementos são avaliados sempre antes, durante e depois da paralisação. Por ser uma análise relativamente complexa, o Procon tem dado oportunidade em respeito ao direito que assiste a todos os postos de combustíveis de se manifestarem em relação ao preço”, esclareceu.

Mesmo diante desses impasses, o superintendente do Procon observa que se o preço for considerado abusivo, o dono do posto pode responder a um processo administrativo no Procon estadual e com isso ser levado a multas ou suspensão das atividades.

Postos notificados
Até o momento já foram notificados 89 postos na capital e região metropolitana, segundo informou Filipe Vieira. Na região de Feira de Santana ele destaca que além de postos de combustíveis, também estão sendo fiscalizadas as revendedoras de gás.
No balanço, segundo ele, boa parte dos estabelecimentos fiscalizados não dá informação ao consumidor com relação aos preços. “Não tem placas informativas e isso é lesão ao direito básico do consumidor”, disse.
O superintendente ainda falou sobre a quantidade de fiscais do Procon para fazer o trabalho de fiscalização em todos os postos da Bahia e pediu o apoio da população para denunciar.
“A quantidade de postos e a quantidade de fiscais nunca terão números equivalentes, então a gente tem feito uma ação articulada em todo o estado da Bahia, com os Procons municipais. Pedimos também a ajuda do consumidor para que seja um agente fiscalizador e faça denúncias através do nosso aplicativo (Procon Ba Mobile)”, afirmou.

Repasses estão sendo feitos
O presidente do sindicombustíveis Bahia, Walter Tannus Freitas, também participou da reunião. Ele destacou que os postos da Bahia estão repassando os descontos, de acordo com o que recebem das distribuidoras. Por esse motivo, segundo ele, alguns postos tiveram a redução maior que outros.

“O governo soltou duas resoluções determinando que o revendedor repasse aquilo que ele recebeu da distribuidora. Então o que estamos vendo no mercado da Bahia é que os revendedores realmente estão cumprindo com a resolução do Governo Federal. Alguns postos tiveram uma redução menor que outros, pois provavelmente a distribuidora reduziu menos para ele. A norma do governo não estabelece um valor, e sim que o revendedor repasse o desconto que recebeu”, afirmou.
Setor em crise

Walter Tannus Freitas afirmou que ‘quebrar’ hoje é uma rotina para os postos de combustíveis da Bahia. Ele lembra que a situação econômica no país não está fácil e devido aos últimos três anos de crise, com aumento da carga tributária e a população cada vez consumindo menos, está impactando de maneira forte nos postos.

“A situação financeira está muito difícil e para os postos é preocupante. Há uma tendência forte do segmento adotar o selv service, pois a mão de obra está cara e traz muitas dificuldades para se operar um posto”, destacou.

Donos de postos relatam dificuldades

Fábio Santos Sobral, dono de uma rede de postos de combustíveis, com 24 unidades espalhadas nas principais rodovias da Bahia, além de uma em Minas Gerais, falou sobre as dificuldades enfrentadas pelo setor e defendeu a regulamentação para deixar mais claro o que deve ser feito pelos empresários.
“A margem do lucro do óleo diesel é bem apertada. O óleo diesel é um mercado extremamente competitivo. A gente não tem margem e tem que buscar volume. 70% do nosso volume é voltado para o diesel. O transportador autônomo realmente tem passado por muita dificuldade com essa política de preço adotada pela Petrobras e o transportador mostrou que estava insatisfeito e fez a greve”, analisou.

Carlos Neto, que também é empresário do setor de combustível, disse que muitos postos de combustíveis têm passado dificuldades. Segundo ele, a margem do produto diesel é muito pequena e algumas distribuidoras repassam apenas 20 centavos. Para ele, como ainda existe dúvida sobre o valor do repasse, alguns empresários estão repassando o desconto de 46 centavos para consumidor, mesmo recebendo o combustível com um repasse menor.

“Os postos que estão dando esse desconto de 46 centavos mesmo sem receber da distribuidora, estão entrando em dificuldades sérias, pois não estão tendo como bancar essa diferença. Se as distribuidoras não derem os descontos, como iremos fazer esse repasse? Tem distribuidoras que não conseguiram fazer o repasse dos 46 centavos e está tendo essa dúvida”, disse.

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Publicada 15.05.2018