Gás natural é elemento-chave na relação entre Bolívia e Brasil

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Fonte: O Globo

A relação com o Brasil tem peso estratégico e econômico para a Bolívia de Evo Morales e, nessa relação, o gás ocupa um lugar central. No final do ano, vencerá um acordo selado em 1999 que estabelece preços e quantidades sobre a exportação de gás boliviano para o Brasil— e a intenção da Petrobras seria reduzir ambos, segundo Francesco Zaratti, analista em temas energéticos e professor da Universidade Maior de San Andrés. Isso explica, em parte, a jogada de aproximação do chefe de Estado boliviano com o governo de Jair Bolsonaro. As últimas ações diplomáticas de Morales mostram que o boliviano tenta acomodar a aliança com bolivarianos junto a uma boa relação com Bolsonaro, agora líder de seu principal sócio comercial. A Bolívia, diz Zaratti, “quer garantir uma negociação favorável e, também, dar um sinal ao mercado de que continuará vendendo gás ao Brasil, algo fundamental para a futura captação de investimentos”.
— A capacidade de produção caiu nos últimos anos, a Bolívia precisa de investimentos. Se existir a sensação de que o mercado brasileiro será perdido, o custo será altíssimo para o país —afirma Zaratti. Para permanecer no poder, Morales deve convencer os bolivianos de que conseguirá manter a estabilidade econômica. Isso seria inviável, segundo analistas, sem uma boa relação com o Brasil. O mercado brasileiro representa hoje entre 20% e 30% das exportações de gás boliviano. No passado,esse percentual já atingiu 50%. A renovação do contrato de 1999 gera preocupação e há forte temor de que o Brasil reduza drasticamente tanto a quantidade comprada como os preços pagos ao vizinho. —Hoje, a Petrobras compra 20 milhões de metros cúbicos diários. No melhor cenário, esse número cairá para 15 milhões—explica o analista. Ele acredita que “a Petrobras colocarás obre ame sade negociação uma necessidade menor, já quenos últimos anos ampliou sua capacidade interna de exploração de gáseo utras fontes de energia ”. O contratoem vigo restabelece que a demanda diária do Brasil pode chegara até 30 milhões de metros cúbicos por dia. —No ano passado, as exportações de gás da Bolívia atingiram US$ 2 bilhões, e o Brasil tem uma participação muito grande nisso —diz Zaratti.
PRESSÕES INTERNAS
Morales enfrenta muitas pressões internas por parte de setores empresariais, que demandam bons vínculos com sócios comerciais como Brasil, Peru e Chile. As necessidades são variadas e incluem, ainda, o eterno drama de não contar com uma saída soberana ao mar. A derrota em 2018 na Corte Internacional de Haia no litígio contra o Chile foi um revés duro para o presidente. Os empresários bolivianos continuam com acesso ao porto chileno de Arica, sem custo algum, mas avaliam outras alternativas, como o porto de Ilo, na fronteira com o Peru. Também existe a opção da hidrovia do Rio Paraná, que passa por Brasil, Paraguai e Argentina, mas esta não tem capacidade para grandes carregamentos e não resolve o problema da saída ao Pacífico. Mais uma vez, o isolamento regional, opção adotada pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, seria catastrófica para seu parceiro boliviano. (Janaína Figueiredo)

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