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Fonte: Tribuna do Norte/RN

Os questionamentos em torno da qualidade da gasolina no Brasil, cuja fórmula contém 27% de etanol (álcool) na mistura, voltaram à tona após veiculação de reportagens sobre a presença no mercado da chamada “gasolina formulada”. Mais barata de ser obtida do que a refinada da maneira tradicional, a gasolina formulada é produzida a partir da adição de produtos químicos (hidrocarbonetos) ao nafta, derivado do petróleo que está na base da indústria petroquímica. A comercialização desse tipo de combustível é autorizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) e, há pelo mais de uma década, é distribuída para venda como gasolina comum em postos de combustível de todo o País.
O órgão garante que não há distinção entre uma gasolina e outra, e que os produtos só chegam ao consumidor final após atenderem os padrões de qualidade estabelecidos pela Resolução ANP nº 40/2013. “Não existe diferença nenhuma. Formulação é apenas o processo industrial de fabricação, logo toda gasolina produzida no Brasil e no mundo é formulada. O produto final é um só: gasolina, e as duas levam nafta. O importante para a ANP é que o produto esteja dentro das especificações”, assegurou a assessoria de imprensa da ANP por telefone, durante contato com a reportagem da TRIBUNA DO NORTE.
Questionada sobre o fato da gasolina ‘formulada’ ser mais barata que a ‘refinada’, e essa diferença no valor não chegar aos consumidores, a Agência Nacional de Petróleo informou que “desde 2002, o preço do combustível praticado nas bombas é livre, não podemos interferir nisso”.
De acordo com a assessoria da ANP, quando é encontrada alguma adulteração ou má qualidade nos produtos durante as fiscalizações, pode-se desde interditar a bomba até fechar o estabelecimento.
A preocupação geral é se a gasolina ‘formulada’ tem qualidade inferior e se pode trazer prejuízos para o funcionamento do motor – ainda não há estudos suficientes para atestar quais os efeitos que a ‘formulada’ exerce no funcionamento dos motores.
“Nenhum prejuízo”
O fato é que, mesmo sem saber, os brasileiros – incluindo os potiguares – estão abastecendo seus veículos com a ‘gasolina formulada’ há bastante tempo. “Toda gasolina comercializada nos postos de combustível do RN está dentro das normas exigidas da ANP. Não existe possibilidade de prejuízos ao funcionamento do veículo, nenhum dano, se o combustível estiver dentro da especificação. Toda a gasolina produzida no Brasil é formulada”, reforçou Antônio Cardoso Sales, presidente do Sindipostos-RN (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo).
Sales contou que toda a gasolina que sai da refinaria Clara Camarão, por exemplo, precisa receber adição de nafta craqueada (composta por moléculas mais simples de hidrocarbonetos) para alcançar a qualidade exigida pela ANP. No Brasil, apenas a Petrobras produz o nafta, mas a gasolina formulada também pode ser fabricada com nafta importado – desde que autorizado pela ANP.
O presidente do Sindipostos-RN assegurou que não sabe dizer se há diferença de preço entre os dois tipos de gasolina (formulada e refinada): “Quando fazemos um pedido de combustível, só sabemos se é gasolina comum (ou aditivada), etanol ou diesel, e não qual foi o processo de fabricação do produto”.
Motor Flex
A gasolina que impulsiona a frota de veículos leves no Brasil, desde 1977, passou a ser uma mistura do combustível derivado do petróleo com o álcool (etanol) obtido da cana-de-açúcar. Na época, a presença do biocombustível na fórmula era da ordem de 4,5%. A mistura tornou-se obrigatória, e essa proporção cresceu ao longo dos anos: em 1979 era de 15%; em 1985 passou para 22%; e variou entre 18% e 25% de 1990 até 2015, quando o ‘blend’ estabelecido pelo Ministério de Minas e Energia chegou aos atuais 27% de etanol na gasolina.
As montadoras pegaram carona na tendência de mercado, e em 2003 lançaram o primeiro motor bicombustível do Brasil. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) prevê que até o final deste ano os chamados ‘flex’ deverão responder por 80% de todos os carros e motos que circulam no País.

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