Oferta de milho e preços acessíveis estimulam a produção de etanol

Petróleo e gás vão movimentar R$ 1,2 tri até 2030
21/03/2018
A reabertura do setor de petróleo
21/03/2018
Mostrar tudo

Fonte: DCI
Diante da oferta abundante de milho no Centro-Oeste, o mercado de etanol a partir do cereal promete ganhar ainda mais espaço no País. Somados todos os projetos em funcionamento e aqueles que deverão entrar em atividade até 2021, a capacidade de produção do biocombustível deverá alcançar 2,97 bilhões de litros em quatro anos.
A projeção feita pelo presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, representa um crescimento expressivo em relação à capacidade atual de produção de 819 milhões de litros de etanol de milho, que demandam em torno de 1,2 milhão de toneladas do grão.
Se todos os projetos se concretizarem, será preciso 7,1 milhões de toneladas de milho para abastecê-los, calcula Nastari. “O Brasil deve produzir 87 milhões de toneladas de milho neste ano, mas a perspectiva é de que alcance 200 milhões de toneladas no futuro. Quando isso acontecer continuaremos tendo milho barato nas origens”, avalia.
Para o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, a perspectiva é de que em 2022 cerca de 10 milhões de toneladas do grão sejam destinadas à produção de etanol. “Para 2019, já temos um cenário de demanda de 4 milhões de toneladas apenas em Mato Grosso”, relata.
A projeção leva em conta projetos previstos para o Estado, que deve receber ampliações e novas unidades em 2019. Mato Grosso tem a vantagem de ser o maior produtor do grão, com 25,9 milhões de toneladas previstas neste ciclo. “Essa é uma alternativa para o excedente de produção no Estado e para a valorização do grão ”, opina. A atividade cresce também em Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo.
A FS Bioenergia foi a primeira a inaugurar uma usina exclusivamente de etanol de milho no País, em Lucas do Rio Verde, em 2017, e recentemente anunciou uma nova planta em Sorriso, ambas em Mato Grosso. Com aporte de R$ 1 bilhão, a produção prevista é de 680 milhões de litros de etanol por ano. Somadas, as duas unidades terão capacidade de 1,2 bilhão de litros de etanol, 900 mil toneladas de farelo de milho e 35 mil toneladas de óleo do cereal por ano.
“A demanda e a produção [de etanol de milho] tendem a aumentar, enquanto a exportação, a diminuir. No médio prazo, teremos produto, logística e uma tradição do etanol de milho que ainda não temos”, destaca o CEO da empresa, Henrique Ubrig.
Ele lembra que, além do preço, a vantagem do milho para produção de etanol está no volume. Uma tonelada do cereal gera 420 litros de etanol. Outro ponto a favor é que o milho pode ser estocado por longos períodos e gera como subproduto o DDG (grãos secos por destilação, na sigla em inglês), subproduto que pode ser uma alternativa mais acessível que o farelo de soja para a alimentação de animais.
Produção
A produção de etanol de milho alcançou 234 milhões de litros na 2016/2017 – considerando o mesmo calendário da cana-de-açúcar, que vai de abril a março – e 525 milhões de litros no ciclo 2017/2018. Para a próxima temporada, a Datagro estima 830 milhões de litros.
O que garante essa perspectiva favorável para a atividade é o preço baixo que a oferta abundante do grão proporciona. “No ano passado, quem fez etanol de milho chegou a comprar o grão a R$ 9 a saca de 60 quilos, o que é baratíssimo se considerarmos que 90% do custo do etanol é o cereal”, explica Nastari.
Ele avalia que a recente elevação dos preços do cereal, causada pela quebra da safra do grão na Argentina e a perspectiva de uma menor oferta no Brasil, pode afetar a produção de etanol. “ Para as usinas, preço do milho é competitivo até R$ 30 a saca para este negócio”, afirma.
Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a saca no Estado registrou alta de 13,18% e preço médio de R$ 20,10 na última semana. Mas Nastari acredita que essa valorização do preço do grão deve estimular o produtor a ampliar a produção do cereal e sustentar a oferta a preços vantajosos para as usinas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *