Opep eleva previsão de produção de fora do grupo em 2017

Mercado de petróleo pode ter déficit no 1° semestre se Opep manter cortes, diz IEA
15/03/2017
Oferta de petróleo avança à medida que Opep e outros ampliam produção, diz AIE
15/03/2017
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Fonte: Valor Online

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) elevou suas estimativas para a produção de petróleo fora do grupo em 2017, com o aumento da atividade de exploração do xisto betuminoso nos Estados Unidos em resposta aos preços mais altos do petróleo, que vem ameaçando as tentativas da organização de equilibrar o mercado. A oferta de petróleo fora da Opep está agora projetada para crescer cerca de 400 mil barris/dia este ano, em relação à estimativa anterior de 240 mil barris/dia, atingindo na média o patamar mais alto de 57,7 milhões de barris/dia, segundo informou a organização em seu relatório mensal sobre o mercado. LEIA MAIS Arábia Saudita vê como possível novo corte na produção da Opep em 2017 Ceticismo com Opep derruba petróleo Arábia Saudita prepara sua primeira emissão de bônus O número maior em relação a apenas um mês, surge depois de uma queda de quase 10% nos preços do petróleo na semana passada, depois que operadores começaram a ficar preocupados com a possibilidade do setor de xisto betuminoso superar a tentativa de redução na oferta da Opep. Os fundos de hedge reduziram suas apostas na alta dos preços do petróleo, diante das preocupações renovadas com o excesso de oferta. O petróleo do tipo Brent, a referência mundial, caiu quase 7% este mês, para US$ 51,79 o barril, enquanto o petróleo do tipo West Texas Intermediate (WTI) caiu quase 10%, para US$ 48,73 o barril. "Parece que a recuperação da oferta de petróleo está ganhando força no mercado mundial, estimulada pelo aumento gradual dos preços e também por melhorias de eficiência na exploração e na produtividade dos poços na América do Norte", informou a Opep no relatório de março. Apesar de a Opep estar respeitando um acordo global para conter a oferta, os estoques de petróleo continuam bem acima da média de cinco anos e hoje são de mais de 3 bilhões de barris, enquanto a produção em outros lugares cresce e os estoques continuam inflados. Entre os produtores de fora do grupo, o maior contribuinte em 2017 deverá ser os EUA, que acrescentarão 340 mil barris/dia. O Brasil e o Canadá vão aumentar suas produções para um patamar mais alto de 260 mil barris/dia; o Cazaquistão em 140 mil e produtores menores de fora da Opep na África acrescentarão vários milhares de barris por dia. A produção coletiva da Opep caiu cerca de 1 milhão de barris/dia desde o acordo firmado no fim do ano passado, para cerca de 32 milhões de barris/dia em fevereiro. Este número foi calculado por fontes secundárias como consultores e analistas, que submetem suas avaliações à Opep. A queda liderada pelos cortes do país mais importante do cartel, a Arábia Saudita, ocorre mesmo com a Líbia e a Nigéria, envolvidas em conflitos, fora do acordo, e com o Irã recebendo uma permissão especial para aumentar ligeiramente sua produção. Mesmo com a demanda mundial por petróleo tendo sido revisada para cima este ano, com um crescimento de quase 1,3 milhão de barris/dia para a média de 96,3 milhões de barris/dia, e a Opep prevendo que não haverá um excedente de petróleo no segundo semestre, há temores com o ritmo de redução dos estoques. Na semana passada, Khalid al-Falih, ministro da Energia da Arábia Saudita, disse acreditar que o excesso de estoque vai ser eliminado num ritmo mais acelerado do que nos primeiros meses de 2017. Dados de uma fonte secundária, sobre os quais são calculadas as metas para cada produtor, mostram que a Arábia Saudita reduziu sua produção em fevereiro em relação a janeiro, para menos de 9,8 milhões de barris/dia. Mas os dados do governo saudita apresentados à Opep mostram um aumento na produção para mais de 10 milhões de barris/dia. Mesmo assim, isso ainda é uma grande queda em relação aos quase 10,5 milhões de barris/dia que a Arábia Saudita produziu no mês de dezembro. Na semana passada, o ministro saudita alertou outros participantes do acordo de redução, que os grandes cortes na produção precisam ser compartilhados por todos. "A Arábia Saudita não se deixará ser usada pelos outros", afirmou Falih.

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