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Fonte: Valor Econômico

A Petrobras deve seguir com o seu programa de desinvestimentos nos próximos anos, independentemente da intenção do governo de privatizar a companhia, segundo duas fontes da estatal. Na avaliação de analistas e investidores ouvidos pelo Valor, a perspectiva de privatização da holding pode ajudar, inclusive, a acelerar o plano de venda de ativos, uma vez que traça um cenário futuro mais favorável à competição entre participantes privados do segmento de óleo e gás.

O entendimento, dentro da petroleira, é que a situação financeira da estatal e os compromissos assumidos com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para venda de refinarias e ativos de gás natural a obrigam a manter seus esforços concentrados nos desinvestimentos.

A eventual mudança de status da Petrobras para uma companhia de controle privado não muda o fato de a empresa ser um agente dominante no mercado de óleo e gás, e é papel do Cade combater práticas anticompetitivas.

A Petrobras toca, atualmente, um extenso programa de desinvestimentos, sendo o principal motor para a redução do seu endividamento. Além da venda de seus ativos de transporte e distribuição de gás, a empresa assumiu o compromisso junto ao Cade para vender oito de suas refinarias, que respondem por metade de sua capacidade instalada. A petroleira também tem planos de vender a Liquigás, fábricas de fertilizantes e uma série de campos maduros em águas rasas e em terra.

As vendas de ativos também ajudam a melhorar a alocação de capital da petroleira, assim como sua taxa de retorno de investimentos. A melhoria da rentabilidade da empresa seria, nesse sentido, um elemento favorável para a União, na valorização de seu ativo.

O cenário preferido por investidores e analistas para a privatização é aquele no qual a companhia seja privatizada e não tenha controlador definido. A privatização da BR Distribuidora é uma experiência que deve servir de referência. A estrutura pensada para a privatização da Eletrobras, com limitação de poder de voto a 10% das ações e uma “golden share” para a União com poder de veto em questões previamente definidas, também pode ser emprestada à Petrobras.

Há também a possibilidade de que uma fatia da Petrobras seja vendida para um único investidor. Segundo o analista do Bradesco BBI Vicente Falanga, a possibilidade de privatização da Petrobras movimenta “uma lista de potenciais compradores para esse atrativo ativo de classe mundial, incluindo concorrentes internacionais, participantes financeiros e participantes do mercado”. Ele acredita que empresas que tenham interesse no pré-sal seriam as principais interessadas na aquisição.

Para um analista que falou sob condição de anonimato, o cenário de aquisição da Petrobras por um único comprador nem sequer deveria ser considerado, já que a formação de uma empresa de capital diluído seria benéfica para o ambiente de competição no setor.

O cenário de privatização de todo modo, abre espaço para a valorização das ações da Petrobras. O preço das ações da companhia, segundo o Bradesco BBI, poderia dobrar. Falanga calcula que o recibo de ação da estatal negociado em Nova York poderia chegar ao valor aproximado de US$ 25. Já os preços da ação preferencial da empresa poderiam atingir um patamar de R$ 50 a R$ 55, ante os R$ 25,22 registrados ontem.

Na avaliação do UBS, apesar da animação com a privatização, ainda há muitas etapas até a venda ser concluída, como mudanças no monopólio do refino e do gás natural e a discussão da desestatização no Congresso. Em relatório assinado pelo analista Luiz Carvalho, o UBS, que tem mencionado a possibilidade de privatização desde fevereiro deste ano, apontou que o cenário seria positivo, à medida que facilitaria a resolução de algumas questões, como a criação de uma política de preço livre e a redução da estrutura de custos.

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