O preço do petróleo voltou aos holofotes nos últimos dias depois que um ataque terrorista na Arábia Saudita mexeu com a cotação da matéria-prima. Nesta segunda-feira, os preços subiram quase 15%, maior alta em mais de 30 anos.
O UOL preparou este resumo para ajudar a entender as causas e consequências desse aumento de preços, como isso pode afetar a Petrobras, o pré-sal e o preço dos combustíveis no Brasil.
O que aconteceu na Arábia Saudita?
No sábado (14), duas instalações da petroleira estatal Aramco, no leste da Arábia Saudita, foram bombardeadas por drones. Rebeldes huthis, do Iêmen, reivindicaram a autoria dos ataques. Os EUA acusam o Irã de ser o responsável pelo atentado.
Como um atentado no Oriente Médio afetou os preços no mundo todo?
A Arábia Saudita é a maior exportadora de petróleo. Até que a empresa atacada retome a produção, o mundo passa a ter 5,7 milhões de barris a menos por dia, um corte de quase 6% na oferta da matéria-prima. Esta é a maior queda no volume de produção de petróleo da história.
Com menos oferta de petróleo no mercado, a concorrência pelo produto fica maior, e o preço sobe naturalmente. O risco de novos ataques no Oriente Médio gera uma incerteza que também se reflete na cotação do petróleo. Além disso, o petróleo é cotado em dólar, e a tensão no Oriente Médio é mais um fator que pode fazer o dólar subir –a moeda já vinha tendo alta em razão do risco de recessão mundial e da guerra comercial entre EUA e China.
Se o Brasil produz petróleo, por que a alta internacional nos afeta?
O Brasil produz petróleo, mas atua tanto como importador quanto exportador. Isso acontece por diversos motivos, dentre os quais:
O petróleo predominante no Brasil é do tipo pesado, mais denso e difícil de refinar
Por questões logísticas, em alguns pontos do país é mais barato importar petróleo
A nova política de preços da Petrobras (veja mais logo abaixo) favorece a concorrência
Segundos dado da ANP (Agência Nacional do Petróleo), que regulamenta o setor no Brasil, o país exportou 431,6 milhões de barris em 2018 e importou 67,4 milhões —o que representa um balanço comercial positivo de US$ 20 bilhões. Em relação aos derivados de petróleo, o Brasil teve déficit de US$ 7,9 bilhões no mesmo período: exportou o equivalente a 86,5 milhões de barris e importou 188,2 milhões.
Como funciona a política de preços da Petrobras?
Desde julho de 2017, a Petrobras adota uma política de preços que repassa, ao preço da gasolina e do diesel, nas refinarias, a variação da cotação internacional do petróleo. A estatal leva em consideração quanto ela poderia ganhar se exportasse seus produtos.
Assim, se o valor do petróleo sobe no mercado internacional, a Petrobras tende a aumentar os preços internos para preservar os lucros. A estatal foi muito criticada durante os governos de Lula e Dilma por segurar o reajuste de preços para ajudar a conter a inflação, mesmo que isso representasse lucros menores ou, até mesmo, prejuízo à estatal.