Montadoras deixaram de produzir mais de 100 mil veículos no país por falta de semicondutores

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A falta de semicondutores fez a indústria automotiva brasileira deixar de produzir entre 100 mil e 120 mil veículos no primeiro semestre deste ano.

A estimativa é de Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, associação que representa as montadoras, com base em um estudo da consultoria Boston Consulting Group (BCG).

O problema impediu uma recuperação ainda maior do setor, cuja produção cresceu 57,5% na primeira metade de 2021 e tudo indica que seguirá atrapalhando o funcionamento das fábricas e a oferta de carros zero nas concessionárias este ano.

Segundo o estudo, em toda a América do Sul, deixaram de ser produzidos 162 mil veículos de janeiro a junho deste ano. Para este ano, a Anfavea reduziu as projeções de vendas e de produção.

— Como o Brasil representa cerca de 80% da produção da América do Sul, o país deixou de produzir entre 100 mil e 120 mil unidades no primeiro semestre – afirmou Moraes.

Na segunda-feira passada, a Hyundai Motor Brasil anunciou que vai paralisar totalmente sua produção na fábrica de Piracicaba, em São Paulo, devido à falta de semicondutores.

Na semana passada, a empresa havia informado que manteria ao menos um turno funcionando. A previsão agora é que a linha de montagem que produz a família HB20 e o Creta só volte a operar em12 de julho, quando voltam a funcionar o segundo e o terceiro turnos. O primeiro retorna logo depois, no dia 15.

Por causa de interrupções na produção como essa, o consumidor que procura carros zero quilômetro para comprar ainda está enfrentado fila de espera nas concessionárias.

Impacto global
A BCG estima que, em 2021, entre 5 milhões e 7 milhões de veículos deixarão de ser produzidos no mundo pela falta de semicondutores.

O problema, segundo a BCG, só deve ser reduzido em 2022. Apenas no primeiro semestre deste ano, a consultoria estima que 3,6 milhões de veículos não puderam sair das linhas de produção.

Quando a indústria automotiva parou, no ano passado, por causa da pandemia, os semicondutores foram direcionados a outros setores que ganharam força com a mudanças de hábitos trazidas pela Covid-19, como os de computação e de eletreletrônicos, por exemplo.

Ess produtos de consumo em casa foram mais demandados com o isolamento social e trabalho remoto que os automóveis, cujos fabricantes tiveram muitas unidades paralisadas no auge das medidas de isolamento. Quando voltaram a funcionar, enfrentaram a falta destas peças.

Dificuldades no fornecimento de aço e pneus
Moraes destaca que, além da falta de peças, houve também problemas de logística na entrega de componentes e insumos, como o aço. Atualmente, a Anfavea monitora a falta de pneus, disse o presidente da entidade.

A Anfavea reviu para baixo suas projeções de vendas e produção para este ano. Os emplacamentos previstos para 2021, segundo a entidade, devem chegar a 2,32 milhões frente aos 2,37 previstos no início do ano.

Já a produção deve ficar em 2,46 unidades frente às 2,52 milhões previstas anteriormente. Segundo Moraes, as estimativas foram refeitas considerando a falta de semicondutores:

— Mesmo que o problema da falta de semicondutores fosse solucionado este ano, não teríamos um crescimento substancialmente mais alto da produção e das vendas.

Produção subiu 57,5% no 1º semestre
No Brasil, a Anfavea divulgou que a produção de veículos em junho foi de 166,9 mil unidades, uma queda de 13,4% em relação a maio, quando 192,8 mil unidades foram produzidas.

No semestre, a produção chegou a 1,148 milhão de unidades, um crescimento de 57,5% em relação ao mesmo período de 2020, quando a pandemia interrompeu o trabalho em muitas linhas de produção, especialmente no segundo trimestre.

— A produção de veículos perdeu o ritmo em junho devido à paralisação de diversas unidades. Vinha se mantendo na casa de 190 mil unidades por mês — disse Moraes.

Anfavea cobra reforma tributária mais ampla
Para o presidente da Anfavea, o governo vai na direção certa com suas propostas recentes para a reforma tributária, mas precisa ampliá-las.

No imposto sobre o consumo, por exemplo, que prevê a união do PIS e do Cofins, criando um tributo sobre valor agregado, com o nome de Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS), Moraes avalia que, de alguma forma, o ICMS, imposto estadual, deveria ser incluído.

Ele ponderou que o imposto já é um dos principais sobre o setor automotivo, levando ao pagamento de uma carga tributária mais alta que outros setores da economia.

— Entendo a dificuldade de se fazer essa reforma, mas ela precisa ser mais ampla, embora não possa gerar aumento de carga tributária, que já é alta para no setor – diz Moraes.

Já em relação à redução do Imposto de Renda para as empresas, o IRPJ, Moraes avalia que é positivo fazer a conpensação com a tributação de dividendos.

Segundo ele, isso acontece em boa parte dos países, embora seja nececessário calibrar as alíquotas para não haver aumento de carga.

Mas ele observa, por exemplo, que a tributação sobre importações e exportações entre empresas do mesmo grupo não foi tratada pelo governo. Também não foi tratada a compensação de prejuízos.

— Se temos prejuízos num ano e lucro em outro, só se pode fazer uma compensação de até 30% das perdas. Para pagar o imposto não tem limite, mas para compensar o prejuízo o limite é de 30% — reclamou.

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