Nacional Gás amplia fatia de mercado após comprar Liquigás

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Valor Econômico

Integrante do consórcio que comprou a Liquigás, no ano passado, a Nacional Gás começa a colher os frutos da aquisição. Uma das quatro líderes do mercado de gás liquefeito de petróleo (GLP) do Brasil, a distribuidora espera aumentar em 25% o faturamento em 2021, para R$ 8 bilhões, depois de absorver parte da participação da antiga subsidiária da Petrobras. Com um portfólio mais robusto, a companhia vai investir cerca de R$ 120 milhões, nos próximos anos, para modernizar e ampliar as suas bases ao mesmo tempo em que se prepara para começar a importar o derivado, em meio à abertura do refino no país.
A compra da Liquigás permitiu à Nacional acelerar seu crescimento. A integração dos ativos adquiridos foi concluída em maio. Líder no mercado do Nordeste, a companhia fortaleceu a presença nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul e viu sua participação no mercado brasileiro subir de 18,5% para 22%. No embalo da aquisição concluída em dezembro do ano passado, a empresa ampliou, de 38 para 55, o número de bases de distribuição.
A Liquigás foi vendida pela Petrobras em 2020, por R$ 4 bilhões, para um consórcio composto pela Copagaz, Itaúsa e Nacional, que comprou uma fatia minoritária que lhe garantiu, após reorganização societária, o equivalente a cerca de 20% do volume de GLP vendido pela ex-subsidiária da Petrobras.
A Nacional Gás é uma empresa do grupo Edson Queiroz, holding sediada em Fortaleza (CE) que atua em diferentes negócios como eletrodomésticos (Esmaltec) e bebidas (Minalba). O presidente do grupo, Carlos Rotella, disse ao Valor que a companhia explora, hoje, sinergias no setor de GLP, ao atuar tanto na distribuição do derivado quanto na fabricação de botijões, e que se prepara para aproveitar novas oportunidades.
“O grupo Edson Queiroz está pronto para alavancar nessas sinergias do mercado de GLP, inclusive com projetos avançados para estrear no negócio de armazenagem e infraestrutura portuária”, disse o executivo.
O diretor-superintendente da Nacional, Celso Rocha, afirma que o plano de crescimento da empresa para os próximos anos vai focar na modernização das bases de distribuição, com o objetivo de capturar sinergias operacionais. No início do ano, por exemplo, a companhia aumentou a capacidade da unidade de Mataripe (BA) em 31% e, em julho, prevê inaugurar uma nova base – a maior da empresa no país – no Porto de Suape (PE).
“São duas grandes bases em apenas seis meses e certamente nosso plano prevê uma evolução importante nos próximos dois anos”, comentou.
O executivo menciona também o fim do monopólio da Petrobras no refino. Ele diz que a Nacional está atenta às transformações do setor e que a empresa tem memorandos de entendimento firmados com alguns dos potenciais novos agentes do mercado brasileiro, como forma de garantir fontes de suprimento. Rocha disse, ainda, que a empresa tem planos de começar a comprar GLP diretamente do mercado internacional, em um momento em que a estatal, historicamente a grande supridora do mercado interno, começa a reduzir sua participação no setor.
“O grande desafio para importação de GLP pelas distribuidoras, atualmente, é a ausência de infraestrutura adequada para a armazenagem do produto. Entretanto, estamos nos preparando para superar os entraves existentes. Nossa primeira importação direta está em fase final de planejamento”, afirmou.
O plano de negócios da Nacional também inclui investimentos em clientes empresariais. A Nacional prevê um salto de 25% no faturamento este ano, a partir, sobretudo, da incorporação dos ativos da Liquigás. A companhia, no entanto, mira também a captação de novos clientes. Segundo Rocha, os esforços de crescimento estarão voltados para atender às 14 milhões de famílias brasileiras que ainda utilizam lenha para cozinhar, além de indústrias.
Embaladas pelo consumo maior nas residências, diante das medidas de distanciamento social durante a pandemia de covid-19, as vendas de GLP no Brasil cresceram 3% em 2020, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Este ano, até abril, o consumo do derivado no mercado brasileiro acumula uma queda de 0,7%.
“A pandemia forçou a sociedade a adquirir novos hábitos, como ficar mais tempo em casa. E para este ano devemos seguir com a perspectiva de crescimento”, afirmou Rocha.
Ele citou, ainda, as perspectivas da liberação de novas aplicações para o GLP. A agenda regulatória da ANP para 2020-2021 prevê, por exemplo, o debate sobre o fim das restrições do uso do produto para outros fins, como em caldeiras, saunas e aquecimento de piscinas.

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